quinta-feira, 29 de maio de 2008

A construção dos versos e as metáforas urbanas e concretas de um poeta russo

EU
Nas calçadas pisadas
de minha alma
passadas de loucos estalam
calcâneos de frases ásperas
Onde

forças
esganam cidades
e em nós de nuvens coagulam
pescoços de torres
oblíquas



soluçando eu avanço por vias que se encruz-
ilham
à vista
de cruci-
fixos

polícias

(MAIAKOVSKI)

terça-feira, 27 de maio de 2008

Cenas de Cinema / 2008

Pois é, depois de um tempão sem postar nenhuma das minhas cenas preferidas, retorno com o Cenas de Cinema, que é onde aproveito para dividir com todos que por aqui passam, uma das minhas paixões...

Neste Cena de Cinema de 2008, pois até agora não tinha publicado nada nesse sentido, aproveito aqui para apresentar para vcs uma adaptação maravilhosa do conto O Rouzinol e a Rosa, de Oscar Wilde.

Então, o Wilde foi polêmico em muitas de suas escolhas. Tanto pessoais quanto profissionais...mas não pretendo aqui investigar a biografia do homem de criou O Retrato de Dorian Gray...não, antes revisitá-lo e homenagea-lo com esse fragmento que vcs verâo a seguir...

Para quem nunca viu um dos recortes que fiz no início do Blog, é o seguinte: na verdade apresento apenas um pequeno momento que me chamou na atenção no filme, vídeo (como queiram).

Neste caso, o que mais gosto é a forma como os elementos gráficos se encontram e criam conflitos tãos agradáveis quanto surreais. O colorido é sempre confrontado com a própria biografia de Oscar Wilde e de sua criação mais famosa, o Dorian Gray.

Mas isso também não é uma resenha sobre o conto...é apenas uma motivação para que procurem a oportunidade em conhecer essa adaptação que integra a série Contos de Wilde, que utiliza diferentes tipos de animação. Então, vejam "O Rouxinol e Rosa"...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Mesmo imperdível...perderei... :(




A programação é óooooootima!!! Mas o dia é cruel...já estou me acostumando em ir ao TINTIN Cineclube(até porque os programas do TINTIN são interessantes, só não conseguem atrair um público distante do cinema, aquele que permite a frase "formação de platéia", pois todos que vão às sessões do TINTIN são pessoas já próximas, que já têm suas próprias referências e leituras). Porém, mesmo não conseguindo estabelecer trablho concreto de formação de platéia (pq essa platéia ainda não chegou ao cineclube), um dos melhores programs da cidade...


Então, Fabiano, gato, porque não fazer o omniographo em outro dia, assim os cineclubes da cidade não precisam disputar público entre eles...já que nossos gatos pingados que acompanham a programação cineclubista de JOão Pessoa terão que preterir um ao outro, ao invés de acompanha-los. É f...!

Fica a sugestão...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Descobrindo Sérgio Castro Pinto



tabagismo

quando acho
uma imagem,
trago-o.

e mais o trago
se não a encontro.

(de imagens
e não-imagens,
entulho os brônquios).

do livro, O Cristal dos Verões - poemas escolhidos.

Tem preço?

Sabe aqueles locutores que ficam anunciando em frente às lojas do Centrão?! Pois bem, em frente a uma farmácia localizada no final da av. Beira-Rio, um desses locutores dizia: "Tomara que você não adoeça, MAS,se adoecer, venha até a farmácia tal e tal.."

Tem preço nossa publicidade?! Tem outro exemplo. Em frente a janela do quitinete onde moro, tem um outdoor que já deu vários sustos. Um dia vc acorda, e às vezes de ressaca, e dá de cara com cara feia de Stallone acuniando a infeliz chegada de rambo IV nos cinemasa cidade.

No último domingo, já no alto da noite, foi colocado anúncio de uma nova loja de criança que estava para nascer igual à criança (quer dizer, um feto na barriga da mãe e tipo, 'está para nascer'). Quando cheguei em casa ontem (segunda-feira), e fui apreciar a paisagem de outdoors à minha frente, levei um susto pois o barrigão na ultrasonografia não estava mais lá. O recado que estava escrito dessa vez era: NASCEU! Só falta vc ir visitar.

PQ eu iria?! Tem preço?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Meu problema é espacial...

A Bienal dos Pequenos Formatos no Sesc Centro. Não foi aquele público de “famosos” das artes plásticas da Paraíba, inclusive, nem aqueles que falam por aí que vão a todos os eventos de artes plásticas da cidade. Não foi mesmo. Mesmo assim, o que achei interessante é que mesmo estando abrigada em uma área de lazer, a Bienal conseguiu se organizar melhor do que o SAMAP, abrigado no Casarão 34.

Inclusive, este sim foi um evento de estrelas. Tinha artista famoso, jornalista premiada, tinha fotógrafo-artista e fotógrafo de flashs...Tinha curadores importantes como Paulo Brunsk, que assina a curadoria do Salão, e Bitu Cassundé, do Ceará, que veio a serviço do Itaú Cultural...Tinha tudo isso, tinha até o prefeito, e claro, pré-candidatos a vereador...mas não tinha o ideal, que é o espaço...

O Samap tinha obras interessantes, que não vou aqui entrar nessa propriedade analítica, mas me confundiu bastante aquele monte de trabalho interessante que não conseguiu respirar nem ter vida própria...

Inclusive, nos últimos 8 dias, tive a oportunidade de conferir e comparar a montagem em três exposições distintas...A do Samap era quase uma feira...apesar dos tantos trabalhos que gostei – mas não sou crítica de arte, nem pretendo ser – sou público e como público, não consegui observar uma obra sequer que não tivesse contaminada pelas outras obras tão próximas, tão do lado, tão à frente ou tão atrás...

Enquanto isso, na Usina Cultural Energisa uma exposição mostra ao público que a Paraíba tem acervo sim...o problema é onde e como estão guardados esses acervos...Mas, aí, voltamos à montagem, bem melhor...as obras respiram e conseguem ser individuais, assim como na montagem da Bienal abrigada no Sesc.

Mas no final de tudo o que eu quero dizer é que se a cidade realmente está querendo entrar para o calendário dos grandes salões, é preciso, primeiro, pensar um espaço adequado exclusivamente para isso...por que enquanto ficarmos prestigiando o SAMAP em um lugar como o Casarão 34 (que é lindo, histórico, mas não suporta a abrangência espacial e arquitetônica que um SAMAP exige) fica complicado, por favor....

Sim, a semana também teve TINTIN Cineclube para gatos pingados, mesmo que o programa tenha sido ótimo, com ficções brasileiras (curtas-metragens), com temática da Violência Urbana. Muita bala, muito tiro, drogas, poder, policia, bandido, mocinho e Cão Sedento mostra que não é só isso...sendo o único filme da noite que não tinha bala nem bandido. Era uma bandida de meia arrastão...

Na quinta-feira, Paulo Moura e Armandinho arrasaram para gatos pingados também, mas arrasaram! Show de verdade, de bom gosto e virtuoso...mas damos um desconto que o mundo ontem resolveu se desmanchar em água...foi chuva chovendo...

E na sexta, não sei ainda...vamos ver onde chegarei...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Muitas fraldas serão lavadas antes de receber a coroa de rainha da música brasileira...

foto: Guto Zafalan.

A paulistana Céu, de uma hora pra outra se tornou a mais nova musa da crítica especializada e da “música popular brasileira”. Sua voz rouca, com carinha de anjo e cabelos cacheados, conquistou o público da Paraíba – quando se apresentou no XII Festival Nacional de Artes (FENART), assim como já tinha conquistado a crítica americana, logo nas primeiras músicas.

Antenada com os caminhos da música brasileira e da world music e o que a influencia, a paulistana liquidifica ritmos regionais, samba, rap, jazz, reggae, hip hop, trip-hop e eletrônica.

Mas tanta gente faz misturas sonoras e há muito tempo. A tropicália que o diga. Aqui na Paraíba, por exemplo, podemos citar, entre tantos exemplos, o Pedro Osmar, Chico Correa ou Cabruêra. Nacionalmente, o que falar da mistura do Totonho, DJ Dolores, Marcelinho da Lua, Rita Ribeiro, Elza Soares e Mawaca? Os ingredientes podem até ser diferentes, mas hoje todo mundo mistura. Isso é fato e não é mais novidade alguma.

Então dizer que a música de Céu é uma música inovadora é um ledo engano. Claro que há muita gente com esperança de que a paulistana seja a nova “princesinha” da Música Brasileira, assim como o foi, na década de 90, Marisa Monte, como assinala o jornalista Sérgio Ripardo, editor de Ilustrada da Folha On Line.

O que há de diferente em uma jovem que a mídia obriga a ser a futura “diva” que surgiu de uma hora pra outra, com uma voz rouca e um repertório de extremo bom gosto? Quanto ao excelente repertório também não é novidade alguma, já que sua sonoridade é construída sobre a base da MPB.

“Cadê?! seu trono de Rainha? Dona da realeza”...É isso, a garota está virando um fenômeno, que figura muito bem nas páginas de jornais, já que sua beleza também é impressionante. Mas antes de entregar o trono de rainha da nova música brasileira a Céu, devemos lembrar que muito antes da paulistana, uma maranhense já impressionava o Brasil com sua Tecnomacumba ou muito antes disso, ainda com Pérolas ao Povo. E fomos mais atrás, a Elza Soares, já juntava muita coisa diferente antes mesmo da tropicália.

Então é válido dizer sim, que a Céu surpreende com sua música mais global que brasileira, e tem tudo para ser nossa Norah Jones, mas o trono de Rainha da música BRASILEIRA não deve ser oferecido a torto e a direito como vem fazendo a famosa e respeitável “crítica especializada”.

Que a Céu troque as fraldas, amadureça, crie e aprenda com nossas divas Rita Ribeiro e Elza Soares. Daqui há uns 10 anos, depois de um repertório sólido, depois de Marisa Monte e Maria Rita, voltamos a falar no assunto...