sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um filme poema para a Ponta do Cabo Branco

Esta matéria foi publicada hoje no Jornal A União. Infelizmente não possível publicá-la na íntegra. Então, resolvi colocá-la aqui. Na foto abaixo, o diretor do filme Marcus B]Vilar e o diretor de fotografia, João Carlos Beltrão (na camera).






“Neste lugar farei o templo do meu sonho/ Com pedaços de mar/ com lembranças de corpos// Porei luzes fulgentes nos seres obscuros/E não mais saberei dos limites do mundo”.

Estes versos de Vanildo Brito são dedicados à Ponta do Cabo Branco, um dos cartões postais mais importantes da Paraíba. Essa paisagem que já foi tema de tantas expressões artísticas, ganha mais uma homenagem e reflexão, desta vez, do cinema paraibano.

Após o documentário sobre Ariano Suassuna - O Senhor do Castelo, e a ficção O Meio do Mundo, o cineasta paraibano Marcus Vilar apresenta um novo gênero em sua filmografia, o filme-poema em curta-metragem “Duas Vezes Não se Faz”, sobre a Ponta do Cabo Branco. O lançamento, aberto ao público e com entrada gratuita, acontece neste sábado (6), ás 11h no Cine Multiplex do Shopping Tambiá.

Em sua filmografia, Marcus Vilar sempre procurou abordar aspectos e tons distintos em cada um de seus filmes. Do tom árido e seco de A Canga no cariri, ao verde e colorido do Meio do Mundo no brejo, à fantasia e a descoberta do imaginário de Ariano Suassuna em O Senhor do Castelo.

Agora Vilar experimenta novos aspectos nesta nova produção, que se dedica às cores da Ponta do Cabo Branco que tanto inspirou nomes como Cátia de França, José Américo de Almeida, Hermano José, e muitos outros artistas da terra. E foi em Hermano José que Marcus Vilar encontrou o poema que dá nome ao filme.

“Na pesquisa do vídeo/filme encontrei vários poemas e crônicas não só sobre o Cabo Branco, mas falando da natureza de uma maneira geral e quando me deparei com o poema de Hermano José, um dos primeiros artistas plásticos a pintar esse monumento ecológico dos mais importantes do Brasil. Não pensei duas e foi uma das primeiras coisas que me veio a cabeça antes do roteiro ser iniciado, além de que, uma das pessoas a quem dedico o filme, é a ele. Nada mais justo”.

Esta é a primeira vez que Marcus Vilar utiliza tecnologia digital na captação de imagens, apesar de ter sido finalizado em 35 mm. “È uma experiência nova, meus projetos anteriores foram filmados em 35 mm e a qualidade ainda é insuperável. Mas devidos aos custos de realizar em película e esse trabalho ter sido gravado por etapas, o vídeo facilitou. O resultado final me agradou, mas nada como filmar em 35 mm”.

E porque fazer um filme sobre a Ponta do Cabo Branco? Diz Vilar: “A olho nu, já percebia que a barreira estava se esvaindo e quando comecei a pesquisar e ver fotos e relatórios mais detalhados sobre o local, entendi o quanto era urgente realizar um filme usando o cinema pra dar esse grito de alerta para a preservação de um dos mais importantes monumentos naturais do Brasil”.



Ao ser perguntado sobre a escolha de fazer um poema visual ao invés de uma ficção, ou mesmo um documentário, o cineasta responde afirmando que tomou essa decisão durante sua pesquisa.

“Enquanto fazia a leitura de textos de José Américo de Almeida, Luiz Augusto Crispim, Hermano José, Ascendino Leite e Vanildo Brito, escrevendo em verso e prosa o Cabo Branco, me vi diante de uma possibilidade de penetrar no universo que eu queria abordar fazendo também um poema imagético”.

A Ponta do Cabo Branco é pauta polêmica e objeto de estudo em diversas áreas científicas. Para abordá-la de forma responsável, o cineasta contou com a consultoria de diferentes técnicos, profissionais e especialistas.

“Procurei pessoas especializadas ligadas a geografia, ecologia, meio ambiente e com isso fui me inteirando tecnicamente sobre o que escolhi pra filmar, que era a Ponta do Cabo Branco. Convidei os professores Paulo Rosa, Tarcisio Cordeiro, Ligia Tavares e o critico de cinema Wills Leal para me darem as coordenadas e orientações técnicas. Com esses dados nas mãos e com os poemas e crônicas escolhidos, fui construindo o roteiro. Foi um processo natural e sem muitas dificuldades”, declara.

Apesar da consultoria técnica, Vilar observa que o filme não se pretende ser panfleto de causa alguma, antes o resultado de seu olhar enquanto cidadão. “O Cabo Branco é um símbolo mundial se falando de meio ambiente e um lugar paradisíaco”, afirma. “Não entro na questão técnica, falo de um símbolo e esse símbolo está morrendo e isso vem de muito tempo, não é de agora. A degradação vem vindo e se você tem um espaço reservado pra ser visto como um templo da ecologia, acho que esse lugar precisa ser cuidado e preservado e não por mais construções e vender terrenos”.

Falar da Ponta do Cabo Branco hoje é falar também sobre a Estação Ciência, inaugurada em 30 de julho deste ano. Ciente disso, o cineasta enfatiza: “Não sou contra a Estação Ciência, sou contra ao lugar em que foi construída. Aproveito e cito um poema que foi utilizado no filme, de José Américo de Almeida, de 1957: ‘Observei a plástica do cabo/ um monstro de cabeça verde e língua amarela estirada dentro da água.// Lambido pelos vagalhões e por lufadas corrosivas,/ vai perdendo o seu porte,/ sem nenhuma proteção.// De branco só tem o nome’.”

Para encerrar, o cineasta afirma que o filme, além de ser um grito de alerta também é um lampejo de esperança a ser despertado nas próximas gerações. “No desfecho do filme mostro crianças assistindo a uma aula no pé da barreira. Entendo que esse final é uma possibilidade de ainda acreditar que através da educação possamos ter um mundo mais humano e mais respirável”, conclui.

Com direção e roteiro de Marcus Vilar e produção de Durval Leal Filho, o filme foi realizado através da Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura de João Pessoa, (Fundo Municipal de Cultura), com Produção do Para’iwa e Ponto de Cultura, e apoio da UFPB/PRAC/COEX. No lançamento, o DVD vai estar disponível para venda.

FICHA TÉCNICA DO FILME

Direção - Marcus Vilar
Roteiro - Marcus Vilar
Produção - Durval Leal Filho
Consultoria - Ligia Tavares - Paulo Rosa - Tarcisio Cordeiro
Consultoria de roteiro - Ligia Tavares - Wills Leal
Fotografia e Câmera – João Carlos Beltrão
Som Direto – Lúcio Cesar
Edição de som – Guga S. Rocha
Montagem - Marcus Vilar - Carlos Carvalho - Durval Leal Filho
Narração - Luiz Carlos Vasconcelos
Música Original - Eli-Eri Moura

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Tragédia Midiática desliga a tv e volta ao cinema...



Cada vez mais o cinema brasileiro está investindo em não – atores ou atores de pouca experiência, geralmente de grupos de teatro comunitários das comunidades onde estão localizadas as histórias do filme.

Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, é exemplo e uma das principais referências nesse tipo de escolha. Em Romance, Guel Arraes até brinca de forma metalingüística com isso através do personagem de Vladimir Brichta.

Em Última Parada 174, o diretor Bruno Barreto optou por um elenco cru, mas visceral. A preparação sob a responsabilidade dos irmãos Rogério e Ricardo Blat investiu numa atuação realista e flexível, levando os atores, principalmente o Michel Gomes (Sandro), a percorrer momentos tensos e carinhosos, de ironia e violência, de solidão e amor excessivo, de lealdade e traição.

Essa variação interna das personagens, mais visível no Sandro do que no Alê é o que faz o espectador se aproximar e simpatizar com o drama da história de vida desses dois jovens.

É com isso que Bruno Barreto conquista o espectador. Mesmo sendo uma história já tão explorada pela mídia e também por José Padilha, no documentário ônibus 174, através de uma obra de ficção baseada em fatos reais, o diretor manipula as sensações que ele deseja despertar na platéia. Ele amplifica ou dá opacidade ao que ele achar necessário.

Humanizando o que poderia ser mostrado apenas como mais um “bandido” ou “delinqüente”, Bruno Barreto diz a que veio: Ele quer lágrimas nos olhos dos brasileiros ao final da sessão.



O diretor também quer provocar uma “falsa” reflexão sobre a condição humana do indivíduo. Falsa porque é a condição social que está mais fortemente representada através da “tia Walquíria” – uma representação direta ao modelo de atuação no Brasil de segmentos do chamado terceiro setor.

E claro e principalmente, despertar o sentimento de pena das platéias internacionais. O filme chega às salas de cinema nacional para se fazer instrumento de “denúncia” social e “revelar” ao Brasil e muito mais ao mundo, o tipo de gente que somos. Tipo:

O Sandro sabe que Marisa que não é sua mãe, porém Sandro não revela a verdade. Mesmo desejando uma nova mãe, como se fosse uma nova chance, ele rouba seu companheiro, trai a sua confiança.

O copo como elemento de antecipação de uma tragédia humana. “A culpa é do copo que quebrou!”, diz Sandro. Essa frase traduz o filme, pois o copo é a realidade que mais uma vez se quebra para o jovem Sandro, que viu sua mãe biológica ao chão com uma faca na barriga, que viu também o copo da mãe temporária cair e não quebrar e quando ele se afasta da “segurança” de uma vida em opção, o copo se quebra novamente.



Com uma fotografia suja e bem utilizada, a câmera divide-se em diversos atos, assim como a vida de Sandro e Alessandro se divide em vários momentos, pessoais, individuais, de relação, coletividade, individualismo.

As cenas são filmadas de formas diferentes, de acordo com as emoções de cada personagem, onde encontramos desde câmeras comportadas, no tripé ou mesmo na mão, como também câmeras mais atuantes, com lentes mais angulares a exemplo da cena em que ele invade o quarto de sua “namorada”, ou quando rouba o pastor e companheiro da mãe temporária.

Nestes momentos Sandro é um “mar revolto”. A decupagem e os movimentos de câmera acompanham todas as transformações emocionais de Sandro – pois não há transformação social, apenas interior, dele com ele mesmo.

Isso pode ser encontrado em momentos tensos do filme, entre eles o que me chama mais atenção é quando Sandro acorda no ônibus 174, surpreendido pela sirene do carro de polícia, ou quando ele se descobre traído pelo amigo.

Os planos são curtos, assim como a vida do jovem que achava que não podia aprender a ler, que queria casar com uma garota de programa e que não teve coragem de dizer a verdade a seu mano Alê, em busca de uma mãe que encontrou em outro o filho perdido para tráfico.



Encontramos mais uma vez um filme brasileiro que vende uma condição social no Brasil extremamente trágico e irreversível. Algo que se alastrou por todo o país. Essa é imagem construída pelo filme de Bruno Barreto.

Assim como uma condição estereotipada do paraibano está à venda de forma equivocada em filmes como O Romance. Um texto da personagem de Marcos Nanini satiriza a Paraíba de forma cruel e isso não foi percebido pela platéia da Paraíba.

Só para resgatar a cena em questão: Ao lado de um ator paraibano, a personagem de Marco Nanini pergunta para a personagem de Andréa Beltrão se estava no roteiro a contração de um débil mental – este, é o motorista paraibano e a representação de homem nordestino no filme.

Mas parece que o cinema nacional que tem entrado em cartaz na Paraíba não conseguiu ainda construir obras livres de estereótipos, mas há exceção às regras, graças a Deus e á Estômago, de Marco Jorge.

Lembrando uma tragédia midiática

Em 12 de junho de 2000, veículos de comunicação do Brasil e do mundo acompanhavam em tempo real a trágica história de Sandro do Nascimento. A cidade era o Rio de Janeiro, em uma das áreas nobres do cartão postal brasileiro. De passageiro do ônibus 174, Sandro se transformou em seqüestrador e homem morto pelos policiais.

No filme, Bruno Barreto acompanha a história do Sandro e de Alê, jovem filho de uma ex-viciada que foi criado por um traficante. As vidas dos dois jovens são cruzadas pelo roteiro de Bráulio Mantovani (também roteirista de Cidade de Deus). Os dois sem mães, percorrem o tráfico, o vicio e todo o universo de quem não tem perspectiva de vida. A tragédia real foi mais dura do que Bruno Barreto, que ao final oferece a esperança para o espectador com um epílogo já lugar comum na sétima arte.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O ícone de Dostoiévski

O que é um ser dócil? Alguém dócil em sua vida, muitas pessoas assim, docéis...sei não, só sei que A Dócil, de Fiódor Dostoiévski, é sublime...triste, ácida, iconográfica e domesticável (até certo ponto!!!)Sim, um ícone, que custa caro e não cai bem...entre uma narrativa e uma memória, o autor russo literalmente arria uma lombra nessa novela fantástica...só lendo...valem a pena as horas dedicadas

"Ela mesma sabia que valiam quando muito dez copeques, mas pelo seu rosto eu via que para ela eram uma preciosidade - e de fato isso era tudo o que lhe tinha ficado do seu papácha e da sua mamácha..."



"O ícone da Virgem. A Virgem com o Menino, doméstico, familiar, antigo, adorno de prata banhado em ouro - digamos, vale uns seis rublos. Vejo que o ícone lhe é caro, está penhorando o ícone todo, não tira o adorno. Digo-lhe que seria melhor se ela tirasse o adorno e levasse o ícone; porque um ícone, afinal de contas, não fica bem."

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Aliança Francesa retoma atividade cineclubista...

Então, boas noticias aos cineclubistas de plantão de João Pessoa! A Aliança Francesa está retornando com seu cineclube a partir desta sexta-feira (24). Eis o email que recebi de lá:

« CINE FORUM ALIANÇA »
A Aliança Francesa de João Pessoa, com o apoio da Embaixada da França e de sua cinemateca, propõe, a partir desta sexta-feira
(24), um novo espaço dedicado ao cinema e ao documentário.

O « Cine Forum Aliança » vai possibilitar, todos os meses, o aporte de um novo olhar sobre os grandes temas e problemáticas que agitam nosso mundo através da projeção de filmes de ficção e documentários francofônicos.

O « Cine Forum Aliança» propõe uma ação participativa e abrirá um espaço de diálogo com o objetivo de compartilhar as reflexões dos espectadores após a projeção.

O primeiro ciclo focalizará o fenômeno da globalização. A globalização está no âmago das preocupações dos dirigentes e dos seus concidadãos, na maior parte dos países. Ela também afeta cada um de nós, na sua vida quotidiana, obrigando-nos a mudar nossa percepção do futuro.

Como nos lembra Patrice Barrat em seu prefácio, o debate público desempenha um papel fundamental na definição e aceitação de políticas adaptadas à nova conjuntura internacional. Por esta razão, optamos por uma abordagem pedagógica, suscetível de enriquecer a reflexão conjunta sobre a globalização.

Globalização, violência ou diálogo?
Mondialisation, violence ou dialogue? (França, 2002).
De Patrice Barrat. Cores. Duração 52’.


Após os violentos eventos de Seattle e Gênova, por ocasião das cúpulas do G8, vêm o 11 de setembro e suas repercussões mundiais. A ideologia do Bem contra o Mal, a de uma guerra entre diferentes culturas e o confronto entre religiões também se enquadram no âmbito da globalização.

Uma reflexão sobre o início do nosso século se revela indispensável, pois embora, por enquanto, as oposições entre partidários e contestadores da globalização sejam apenas verbais, não deixa de ser verdade que as visões antagonistas entre “a sociedade civil” e “os poderes instituídos” são tão generalizadas que o nosso mundo pode vir a cair na armadilha de forças que o paralisarão.

Sexta feira 24 de outubro // 19h
Aliança Francesa // Av. Ger. Bento da Gama, 396
ENTRADA LIVRE // VAGAS LIMITADAS

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tá vendo?! Quando eu menos espero, estou aqui de novo. Olhe que faz até um tempinho que não passava por aqui... não tava afim, apesar de muitas coisas terem me despertado a vontade desse passeio virtual, mas deixei pra lá...

To passando só pra deixar aqui minha maravilhosa sensação ao terminar de ler O Sacrifício dos Anjos, do diretor teatral, dramaturgo e escritor paraibano Tarcísio Pereira.



A história, só para quem se aventurar pelo Mousse ficar por dentro, de principio lembra o texto Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, que foi montado pelo grupo paraibano Ser Tão Teatro, com direção de Cristina Streva. Lembra porque é trágico, lembra porque envolve um amor obcecado, lembra porque tem fanatismo religioso

Então é assim, tem um tal de Pai Isaú, que é louco de jogar pedra e mandar matar, que sofre com a seca, com papa-figo e com ciganos. O pano de fundo é a seca de 1877 e aí o bicho pega, literalmente. O tal do pai isaú tem um sonho que até Zé do Caixão ia ter medo e é a partir desse sonho, que ele (que nem acredita assim nele) consegue convencer pessoas tão desesperadas quanto ele e a seita está criada!

O Pai Isaú acaba vivendo pra mais de 100 anos ás custas de muito fígado de criança comido cru, no sangue mesmo, pelos membros da seita em busca dessa vida “terna”, sem pressa...a seita é organizada, tem regras, leis e tabus...tem as peixas, a mãe Geórgia, Mirandolina, Pepita, o homem das feras, muitos conflitos e subtramas

Apesar de ser uma história difícil, até certo ponto intragável, o prazer da leitura é inegável... nossa, fazia tempo que um romance paraibano não pegava da forma como esse pegou, foi de uma vez, comecei a ler e terminei, rapidinho...fico feliz demais porque já tinha lido outro livro de Tarcisio: Agonia na Tumba e tinha gostado bastante...

No teatro minha última experiência com uma direção sua foi em “A Fantástica Peregrinação do Coronel Luciano atrás de um rabo de saia”, e sei que lá, sei lá, sei que lá...



Acredito que Tarcísio tenha tirado leite de pedra e o respeito demais por isso, porque o texto nem merece linhas aqui, pelo menos pra mim, leitora apenas, sem crítica, resenha ou apresentação, apenas leitora e platéia, aliás, falando como platéia a peça dirigida por Tarcísio faz rir, não porque seja engraçada, mas porque é melhor rir mesmo...

Mas a escrita de Tarcísio é demais, me cativou e conquistou uma leitora fiel..já estou andando com "O homem que comprou a rua", outro romance seu e que me deixa curiosa também, é um romance policial psicológico..vamos ver o que vai ser...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Um “shaker” para um poema de Walt Whitman

O fragmento que segue foi um dos que mais me chamou a atenção em um box que reúne curtas da avant-garden. Me chamou atenção, primeiro por ser uma leitura de um poema de walt whitmam, poeta americano que conheci recentemente por meio de um amigo...depois porque é uma oportunidade ótima para se ver “de perto” a leitura do fotografo abstrato, Charles Sheeler.

Natural da Filadélfia, Sheeler se tornou um dos fotógrafos abstratos mais importantes do Estados Unidos. Neste curta experimental “MANHATTA” de 1921, ele divide a fotografia com Paul Strand. A partir de trechos do poema Leves of grass, de Walt Whitman, os dois fotógrafos deram sua versão à cidade de New York.

O poema de Whitman já é bastante visual e concreto. Onde é facilmente visível a cidade que o poeta VER. Mas também é obscuro pela urbanidade e pelo crescimento industrial do país. E isso é tão bem explorado pelos dois fotógrafos abstratos que à distância, sem se aproximar das pessoas, o humano é apenas mais uma carga que é despejada na urbes.

Outro dado importante: este é reconhecidamente o primeiro filme do movimento avant-garden feito nos Estados Unidos.

Além de ver um pequeno fragmento deste curta, aproveite e leia os trechos “fotografados” por Sheeler e Strand. É imperdível.



MANHATTA

Cidade do mundo
(todas as raças estão aqui)

Cidade de grandes fachadas de mármore e de ferro

Cidade orgulhosa e apaixonada

Quando milhões de pessoas de Manhattam estão livres...
Elas andam por aí

Gigantescas construções de ferro, finas, fortes,
Esplêndidas em torres em direção aos céus.

As construções das cidades: as pás, um grande guindaste,
Andaimes, o trabalho em paredes e tetos.

Onde nossos mais belos arranha-céus de mármore e ferro,
estão em lados opostos.

Cidade de águas rápidas e brilhantes.
Cidade aninhada nas baías.

Este mundo arruinado com estradas de ferro.
Com filas de navio a vapor indo para todos os mares.

O formato das pontes, vasta estrutura, vigas, arcos.

No rio um grupo sombrio, o grande rebocador
Sendo atacado de perto por todos os lados por barcaças.

Onde a incansável multidão da cidade se movimenta,
Durante um dia inteiro.

Deslumbrantes sombras do por do sol!
Que me enchem de esplendor,
e aos homens e mulheres
Das próximas gerações.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Casarão 34 tá bombando e arrasa na programação do Dia dos Namorados



Uma programação de provocar o paladar. Pois é, o Casarão 34 tá bombando com seu Cineclube, que tem à frente Ana Barbára. A moça tá arransado em apresentar um repertório cinematográfico que nos dispensa dos contratempos das salas de cinema locais, e ainda nos insere seleto número de pessoas que assistem aquilo que não nos é próximo.

Nesta quinta-feira, foi lindo...até decoração e algo mais para uma programação, que nada tinha de clichê...a video dança, Kiss me, é entre tantos vermelhos, beijo pra cima e algo mais meu bem. Aguça os instintos, nos aproxima desse suporte tecnológico que a dança vem investindo. Na simplicidade da camera parada, a ausência de planos variados e presença dos beijos resolvem tudo, além de ser totalmente contemporaneo...nada de papai e mamãe para o Dia dos Namorados, é Kiss me...

E Kar Wai, nossa, já era fã apenas por assitir Amor à Flor da Pele, um dos filmes mais belos que já vi. E foi com estas referências que fui ver Amores Expressos, terceiro filme dele...então,levei um susto danado e maravilhoso, pois Kar Wai, nestes dois títulos que conheço seu), não é muito à lá, formúlas de sucesso. Amores Expressos, que´é bem anterior à Amor à Flor da Pele, mostra um diretor subversivo, com personagens sigulares e solitárias (acho que é esta a caracteristica que aproxima Amores Expressos de Amor à Flor da Pele).

Todas elas estão à procura de algo qualitativo e quantitativo, mas seus encontros são esbarrados pela camera, pelos planos, pela ironia e pela trilha sonora, que em Amores Expressos diverte, surpreende e depois se repete até cansar a gente...

Mas isso não é para analisar filmes, apenas para dizer que João Pessoa está bombando em relação ao circuito cineclubista...na terça-feira, tem o cineclube José Dumont, no Cefet, que entre longas e curtas, o foco principal são filmes mais comerciais, mas importantes...

Na quarta-feira tem o Tintin, que investe (ainda bem), em curtas-metragens nacionais, e atuais. Nos mostra que o cinema está sendo feito pelo Brasil afora, e que precisa ser visto e eles fazem esse papel. Agora que eles receberam as caixas da programadora brasil, novas opções surgem aos olhos dos que percorrem os cineclubes da cidade...

Mas é importante prestar atenção em uma coisa quando falamos de Tintin - ABD, e URBE - Ponto de Cultura. O Tintin é ótimo, provocou uma inquietação na cidade, ao ponto de fazer surgir outros cineclubes. Mas a ABD não pode ficar só nessa de sessão cineclubista não. Carlos Dowling e Cia, por favor, façam algo, porque tintin não deve ser A ação de "formação de público e difusão do audiovisual" da Associação Brasileira de Documentaristas -PB.

"formação de público e difusão do audiovisual" . Um termo tão de gaveta, que até vira clichê quando se resume à programção do Tintin..Sei lá, façam alguma coisa...o pontão de cultura vem aí, e com ele uma grana de pelo menos 360 mil reais...então, só Tintin não dá, né?!

mas voltando. na quinta-feira, tem o Cineclube do Casarão 34, que vem investindo na formação tanto de platéias quanto dos realizadores...preciso dizer mais alguma coisa?

Correndo por fora, ainda tem a programação do Omniographo, do Fabiano Lucena, com seus filmes banidos, o cinema extremo, subversivo...tá arrasando também, só precisa achar o dia certo para integrar todo esse circuito cineclubista..

E ainda temos o Sesc, que por falar em Sesc, vem aí uma mOstra em homangem à Fernando Teixeira. A mostra começa logo com Baixio das Bestas, de Claúdio Assis. Imperdível!!!

Teve de tudo, menos poesia...

Sei lá, tudo começou quando me ligaram me convidando para integrar o juri do Festival de Poesia Encenada do Sesc João Pessoa...pensei comigo, puta merda, o que entendo eu de poesia?! O mais próximo que chego è a leitura...recusei, ainda bem, pois descobri depois a fogueira que estava pulando...

Como não entendo porra nenhuma de poesia, cabe a mim, apenas, dizer que achei tudo muito estranho. Primeiro, entre os jurados, só tinha um poeta de verdade, o Políbio Alves, que parece ter sido o úncio a encontrar poesia nesse festival que terminou ontem a noite.

Fui só na primeira noite. Não entendi bem o que estava acontecendo ali...conversando com alguns poetas de verdade ( no sentido da cena literária paraibana reconhece-los assim, e suas obras também comprovarem), me perguntava se eu era mais distante da poesia do que eu imaginava, eu realmente não tinha poesia naquele festival...até que li a melhor definição para este projeto do Sesc; parafraseando meu colega, que também é poeta: "O Poesia Encenada do Sesc é a Festa das Neves da Literatura". Perfeito!!!

Pois é. Uma coisa dessas acontece e aí penso o quanto é carente de credibilidade um evento como esse, pois a quem deveria mais atingir, só afasta, que sãos os poetas paraibanos e críticos especializados. É tanto que, o único nome da poesia paraibana que estva inscrito era o de Antônio Mariano. No juri, teve de tudo, e com todo o respeito, mas não tiveram pessoas com autoridade para avaliar aquelas apresentações, que ilustravam contos, historinhas ou sei que lá o que...menos a poesia...

É preciso ser revisto imediatamente esse perfil que o Sesc está dando a um Festival que tinha tudo pra "bombar" em João Pessoa, já que não temos nada parecido nesse segmento cultural. Tudo começa pela própria pré-seleção: Quem integra a equipe? Que critérios são usados para selecionar os poemas que estarão em competição? Onde está a poesia paraibana? O que eles entendem por poesia? E o juri, pq não convidar pessoas realmente "gabaritadas" para tal avaliação? Será o medo de ouvir críticas negativas? Ou até mesmo, de o festival não acontecer caso uma das autoridades entendam que não há poesia no Festival?

Rever não é constragedor. Ouvir e ler as críticas é um processo de aproximação e compreensão dosque outras pessoas têm a dizer sobre algo. Então, porque não se aproximar de quem realmente entende do babado, para assim fazer algo que esteja a altura do nome do evento?!

Fica o recado e que no próximo, os erros sejam lembrados para não serem revisitados...

terça-feira, 3 de junho de 2008

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Burro Morto vive, e é no afrobeat...



Muita gente toca afrobeat, é verdade. Na Paraíba, por exemplo, o Néctar do Groove sempre tem UM momento afrobeat em suas performances, assim como o Aerotrio ou até mesmo o ChicoCorrea & Eletronic Band. Então, qual a novidade disso tudo?!



A novidade é que uma garotada de João Pessoa, que começou como tantas outras garotadas desta capital e de tantas outras mais, resolveu se juntar e assim formar um grupo instrumental DE afrobeat. Essa é a diferença dos meninos do Burro Morto para estes e tantos outros grupos de João Pessoa.



Desde o Encontro da Nova Consciência, em Campina Grande, que tenho ouvido bastante essa expressão pelos bastidores das bandas paraibanas. Estávamos já acomodados com a música improvisada, jazzística e eletrônica do Chico Correa, o regionalismo pulsante do Escurinho, as misturas, apropriações e releituras do domínio público do Cabruêra. Isso só para citar os grupos "midiaticos".



Mas Burro Morto, nossa, esse surgiu NÃO para ocupar o lugar de uma dessas bandas já bem conhecidas da gente, mas para TOCAR o afrobeat. Diga aí?! Não é que temos em João Pessoa, um grupo novo, que está aparecendo timidamente nas escassas produções locais, mas que por onde tem tocado, tem agradado bastante ao público.



O percurso por vários gêneros e distintas influências musicais é tão valoroso quanto a escolha por um universo apenas, que em si mesmo, é diversificado. As quatro faixas (Castelo de Pedra, Indica, Nicksy Groove e Menarca) disponíveis para audição no My Space da banda (www.myspace.com/burromorto) é só um aperitivo do que é a performance do grupo ao vivo.



Com um repertório bem mais longo e ousado, só no show é possível identificar muitas das influências do grupo. Quando estão no palco, os músicos se entendem de tal forma que chegamos ao ponto, no público, de até pensarmos que é uma banda daquelas de anos e anos de shows e mais shows que está ali...



O que é bastante positivo nisso tudo é que esse caráter espontâneo e maduro pode até não ser proposital (mas que pode ser alcançado também com muito ensaio e pesquisa), mas revela a cada música as referências do Burro Morto, a citar Felá Kut, Osibisa, The Budos Band e Tony Allen.



O som que o Burro Morto faz não lança um elemento musical novo, mas na cena paraibana, funciona como grupo de renovação, que observa outros elementos e faz, em João Pessoa, afrobeat de qualidade e autoral.



É continuar ensaiando, aumentar o repertório no My Space, entrar em estúdio para lançar um CD bem produzido. O público parece que está cada vez mais atraído pelo afrobeat que surge na capital paraibana e pelos palcos por onde passa o Burro Morto.



Para quem não conhece, é só procurar no google qualquer um desses nomes que citei acima. No caso dos meninos, minha sugestão aos que forem ouvir as quatro faixas no My Space, é Nicksy Groove, que quando tocada ao vivo é o ponto alto do show. Harmonia entre tantos instrumentos, e a escaleta, então? Só ouvindo para entender...



O grupo é formado por Felipe Tavares - Contrabaixo e percussão, Thiago Costa - Synth
Victor Afonso - Percussão e trompete, Leonardo Marinho - Guitarra e saxofone, Daniel Ennes - Contrabaixo e trompete, Felipe Gouveia - Percussão, flauta e guitarra, Haley Arthur - Orgão, escaleta, garrafa e Ruy Oliveira – Bateria.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A construção dos versos e as metáforas urbanas e concretas de um poeta russo

EU
Nas calçadas pisadas
de minha alma
passadas de loucos estalam
calcâneos de frases ásperas
Onde

forças
esganam cidades
e em nós de nuvens coagulam
pescoços de torres
oblíquas



soluçando eu avanço por vias que se encruz-
ilham
à vista
de cruci-
fixos

polícias

(MAIAKOVSKI)

terça-feira, 27 de maio de 2008

Cenas de Cinema / 2008

Pois é, depois de um tempão sem postar nenhuma das minhas cenas preferidas, retorno com o Cenas de Cinema, que é onde aproveito para dividir com todos que por aqui passam, uma das minhas paixões...

Neste Cena de Cinema de 2008, pois até agora não tinha publicado nada nesse sentido, aproveito aqui para apresentar para vcs uma adaptação maravilhosa do conto O Rouzinol e a Rosa, de Oscar Wilde.

Então, o Wilde foi polêmico em muitas de suas escolhas. Tanto pessoais quanto profissionais...mas não pretendo aqui investigar a biografia do homem de criou O Retrato de Dorian Gray...não, antes revisitá-lo e homenagea-lo com esse fragmento que vcs verâo a seguir...

Para quem nunca viu um dos recortes que fiz no início do Blog, é o seguinte: na verdade apresento apenas um pequeno momento que me chamou na atenção no filme, vídeo (como queiram).

Neste caso, o que mais gosto é a forma como os elementos gráficos se encontram e criam conflitos tãos agradáveis quanto surreais. O colorido é sempre confrontado com a própria biografia de Oscar Wilde e de sua criação mais famosa, o Dorian Gray.

Mas isso também não é uma resenha sobre o conto...é apenas uma motivação para que procurem a oportunidade em conhecer essa adaptação que integra a série Contos de Wilde, que utiliza diferentes tipos de animação. Então, vejam "O Rouxinol e Rosa"...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Mesmo imperdível...perderei... :(




A programação é óooooootima!!! Mas o dia é cruel...já estou me acostumando em ir ao TINTIN Cineclube(até porque os programas do TINTIN são interessantes, só não conseguem atrair um público distante do cinema, aquele que permite a frase "formação de platéia", pois todos que vão às sessões do TINTIN são pessoas já próximas, que já têm suas próprias referências e leituras). Porém, mesmo não conseguindo estabelecer trablho concreto de formação de platéia (pq essa platéia ainda não chegou ao cineclube), um dos melhores programs da cidade...


Então, Fabiano, gato, porque não fazer o omniographo em outro dia, assim os cineclubes da cidade não precisam disputar público entre eles...já que nossos gatos pingados que acompanham a programação cineclubista de JOão Pessoa terão que preterir um ao outro, ao invés de acompanha-los. É f...!

Fica a sugestão...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Descobrindo Sérgio Castro Pinto



tabagismo

quando acho
uma imagem,
trago-o.

e mais o trago
se não a encontro.

(de imagens
e não-imagens,
entulho os brônquios).

do livro, O Cristal dos Verões - poemas escolhidos.

Tem preço?

Sabe aqueles locutores que ficam anunciando em frente às lojas do Centrão?! Pois bem, em frente a uma farmácia localizada no final da av. Beira-Rio, um desses locutores dizia: "Tomara que você não adoeça, MAS,se adoecer, venha até a farmácia tal e tal.."

Tem preço nossa publicidade?! Tem outro exemplo. Em frente a janela do quitinete onde moro, tem um outdoor que já deu vários sustos. Um dia vc acorda, e às vezes de ressaca, e dá de cara com cara feia de Stallone acuniando a infeliz chegada de rambo IV nos cinemasa cidade.

No último domingo, já no alto da noite, foi colocado anúncio de uma nova loja de criança que estava para nascer igual à criança (quer dizer, um feto na barriga da mãe e tipo, 'está para nascer'). Quando cheguei em casa ontem (segunda-feira), e fui apreciar a paisagem de outdoors à minha frente, levei um susto pois o barrigão na ultrasonografia não estava mais lá. O recado que estava escrito dessa vez era: NASCEU! Só falta vc ir visitar.

PQ eu iria?! Tem preço?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Meu problema é espacial...

A Bienal dos Pequenos Formatos no Sesc Centro. Não foi aquele público de “famosos” das artes plásticas da Paraíba, inclusive, nem aqueles que falam por aí que vão a todos os eventos de artes plásticas da cidade. Não foi mesmo. Mesmo assim, o que achei interessante é que mesmo estando abrigada em uma área de lazer, a Bienal conseguiu se organizar melhor do que o SAMAP, abrigado no Casarão 34.

Inclusive, este sim foi um evento de estrelas. Tinha artista famoso, jornalista premiada, tinha fotógrafo-artista e fotógrafo de flashs...Tinha curadores importantes como Paulo Brunsk, que assina a curadoria do Salão, e Bitu Cassundé, do Ceará, que veio a serviço do Itaú Cultural...Tinha tudo isso, tinha até o prefeito, e claro, pré-candidatos a vereador...mas não tinha o ideal, que é o espaço...

O Samap tinha obras interessantes, que não vou aqui entrar nessa propriedade analítica, mas me confundiu bastante aquele monte de trabalho interessante que não conseguiu respirar nem ter vida própria...

Inclusive, nos últimos 8 dias, tive a oportunidade de conferir e comparar a montagem em três exposições distintas...A do Samap era quase uma feira...apesar dos tantos trabalhos que gostei – mas não sou crítica de arte, nem pretendo ser – sou público e como público, não consegui observar uma obra sequer que não tivesse contaminada pelas outras obras tão próximas, tão do lado, tão à frente ou tão atrás...

Enquanto isso, na Usina Cultural Energisa uma exposição mostra ao público que a Paraíba tem acervo sim...o problema é onde e como estão guardados esses acervos...Mas, aí, voltamos à montagem, bem melhor...as obras respiram e conseguem ser individuais, assim como na montagem da Bienal abrigada no Sesc.

Mas no final de tudo o que eu quero dizer é que se a cidade realmente está querendo entrar para o calendário dos grandes salões, é preciso, primeiro, pensar um espaço adequado exclusivamente para isso...por que enquanto ficarmos prestigiando o SAMAP em um lugar como o Casarão 34 (que é lindo, histórico, mas não suporta a abrangência espacial e arquitetônica que um SAMAP exige) fica complicado, por favor....

Sim, a semana também teve TINTIN Cineclube para gatos pingados, mesmo que o programa tenha sido ótimo, com ficções brasileiras (curtas-metragens), com temática da Violência Urbana. Muita bala, muito tiro, drogas, poder, policia, bandido, mocinho e Cão Sedento mostra que não é só isso...sendo o único filme da noite que não tinha bala nem bandido. Era uma bandida de meia arrastão...

Na quinta-feira, Paulo Moura e Armandinho arrasaram para gatos pingados também, mas arrasaram! Show de verdade, de bom gosto e virtuoso...mas damos um desconto que o mundo ontem resolveu se desmanchar em água...foi chuva chovendo...

E na sexta, não sei ainda...vamos ver onde chegarei...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Muitas fraldas serão lavadas antes de receber a coroa de rainha da música brasileira...

foto: Guto Zafalan.

A paulistana Céu, de uma hora pra outra se tornou a mais nova musa da crítica especializada e da “música popular brasileira”. Sua voz rouca, com carinha de anjo e cabelos cacheados, conquistou o público da Paraíba – quando se apresentou no XII Festival Nacional de Artes (FENART), assim como já tinha conquistado a crítica americana, logo nas primeiras músicas.

Antenada com os caminhos da música brasileira e da world music e o que a influencia, a paulistana liquidifica ritmos regionais, samba, rap, jazz, reggae, hip hop, trip-hop e eletrônica.

Mas tanta gente faz misturas sonoras e há muito tempo. A tropicália que o diga. Aqui na Paraíba, por exemplo, podemos citar, entre tantos exemplos, o Pedro Osmar, Chico Correa ou Cabruêra. Nacionalmente, o que falar da mistura do Totonho, DJ Dolores, Marcelinho da Lua, Rita Ribeiro, Elza Soares e Mawaca? Os ingredientes podem até ser diferentes, mas hoje todo mundo mistura. Isso é fato e não é mais novidade alguma.

Então dizer que a música de Céu é uma música inovadora é um ledo engano. Claro que há muita gente com esperança de que a paulistana seja a nova “princesinha” da Música Brasileira, assim como o foi, na década de 90, Marisa Monte, como assinala o jornalista Sérgio Ripardo, editor de Ilustrada da Folha On Line.

O que há de diferente em uma jovem que a mídia obriga a ser a futura “diva” que surgiu de uma hora pra outra, com uma voz rouca e um repertório de extremo bom gosto? Quanto ao excelente repertório também não é novidade alguma, já que sua sonoridade é construída sobre a base da MPB.

“Cadê?! seu trono de Rainha? Dona da realeza”...É isso, a garota está virando um fenômeno, que figura muito bem nas páginas de jornais, já que sua beleza também é impressionante. Mas antes de entregar o trono de rainha da nova música brasileira a Céu, devemos lembrar que muito antes da paulistana, uma maranhense já impressionava o Brasil com sua Tecnomacumba ou muito antes disso, ainda com Pérolas ao Povo. E fomos mais atrás, a Elza Soares, já juntava muita coisa diferente antes mesmo da tropicália.

Então é válido dizer sim, que a Céu surpreende com sua música mais global que brasileira, e tem tudo para ser nossa Norah Jones, mas o trono de Rainha da música BRASILEIRA não deve ser oferecido a torto e a direito como vem fazendo a famosa e respeitável “crítica especializada”.

Que a Céu troque as fraldas, amadureça, crie e aprenda com nossas divas Rita Ribeiro e Elza Soares. Daqui há uns 10 anos, depois de um repertório sólido, depois de Marisa Monte e Maria Rita, voltamos a falar no assunto...

quarta-feira, 16 de abril de 2008



O espetáculo Quebraquilos, montagem do grupo paraibano Alfenim de Teatro, sob a direção de Márcio Marciano, é um trabalho de um coletivo que optou como objeto de pesquisa, por um evento praticamente desconhecido da historia da Paraíba.

A escolha pela revolta dos Quebraquilos, ocorrida em 1874, tem uma clara conotação política. Tudo é política no espetáculo. Uma delas é a de não permitir que as lutas populares sejam difamadas, e muito menos abstraídas pela história dos livros didáticos, como aqueles que estudamos quando pequenos.

É a principal questão colocada em palco. Mas o texto do grupo Alfenim trata de várias outras revoltas menores que bem demarcadas durante toda a peça. Um exemplo é a cena da revolta contra o recrutamento militar, ou aquela contra os impostos cobrados na cena da feira, ou contra a aplicação de novos padrões de pesos e medidas como na hora de vender o quartinho de cachaça...

Não falta revolta. As ações dos atores, os recursos cênicos, o canto, o coro, a música, por exemplo, estão sempre reforçando essa sensação de revolta...É como se Márcio Marciano, quisesse chamar atenção para esse período histórico do Nordeste, onde a população de várias cidades se encontrava prestes a enfrentar de forma violenta, as opressões, mandos e desmandos freqüentes nas lutas de classes e na economia local.

É um grito que chama pela justiça, mas antes disso, é um choque que pretende acelerar a pulsação que romperia a precária relação entre as classes sociais, e o Estado monárquico.

Tudo isso se apresenta ao público não como em uma aula onde a professora vai ditando aos alunos, no caso o espectador, frases que nunca foram lidas nos livros de História da Paraíba. Vemos essas revoltas em palco, na forma como os atores lidam com o texto, na multiplicidade de personagens que eles assumem e nas marcações de cena, que lançam mão da palavra que leva ao canto, ao coro, ou vice-versa.

O cenário traduz perfeitamente o espírito do texto, integrando atores e platéia numa feira quadrada – em palco italiano. Claro que essa sensação é mais facilmente percebida quando o espetáculo é encenado em uma sala, como o foi na Escola Piollin, ou em teatro de arena – como será no XII FENART.

Transferindo para um palco italiano na abertura da I Mostra de Teatro de Grupo, essa integração ficou mais a cargo dos atores em cena, alinhados, lado a lado, que passam todos, a encarar o público de frente. Quando somos encarados, somos obrigados a ouvir, ver, e presenciar a realidade econômica da Paraíba, em tempos de província.

Mesmo assim em momento algum do espetáculo, esquecemos que estamos assistindo a uma montagem de teatro e que este teatro, sem ser didático, nos apresenta um fato histórico e faz uma defesa a todos que estiveram envolvidos nas revoltas populares.

Há cenas memoráveis, principalmente entre a dupla Soia Lira e Zezita Matos. É uma dupla sinérgica, onde o olhar de uma se comunica com o olhar da outra de forma clara, e quem ganha é quem testemunha isso, no caso, nós, espectadores.

Como esquecer cenas tipo a do roí roí, da banana, da feira, dos discursos violentos, da negra se insinuando para a personagem de Daniel Porpino, apresentando as suas “medidas”. Pois é, a peça pergunta isso em música, em ação, em história, em coletivo, ou individual.

Mas, quanto vale mesmo a sua medida? Quebra-quilos, quebra-litros, quebra-metro, quebra-peso, quebra....

segunda-feira, 14 de abril de 2008



A primeira Mostra de Teatro de Grupo, realizada entre os dias nove e 13 de abril, no Teatro Lima Penante, organizada pelo grupo Ser Tão Teatro, provocou uma inquietude na classe teatral paraibana que há muito não era vista.

O evento apresentou-se como oportunidade aos grupos paraibanos de refletirem em torno da necessidade de um trabalho qualificado não de uma organização coletiva de atores, mas antes como um contraponto artístico, onde a poética da ação teatral se torna questão central nesse tipo de trabalho.

Com o repertório de espetáculos apresentados pelo coletivo Clowns de Shakespeare, de Natal, (“Muito Barulho Por Quase Nada”, “O Casamento” e “Fábulas”), por exemplo, que colocaram em palco, humor e inteligência de forma marcante, foi possível fazer uma nítida distinção entre o teatro de elenco e o teatro de grupo.

O fator que mais reforça essa diferença é reconhecer no trabalho de um elenco estável como o do Clowns, a construção de uma identidade poética coletiva por meio do treinamento do ator. Este, por sua vez, conquista um espaço maior para criação através de motivações individuais, provocados muitas vezes, pela pessoa do diretor, neste caso, o Fernando Yamamoto, diretor e um dos fundadores do grupo potiguar.

O grupo de Natal tornou-se referência e exercício de reciclagem para a cena local, que foi representada em palco, pelo espetáculo Quebra-quilos, do grupo Alfenim, sob a direção de Márcio Marciano. Vale lembrar, inclusive, que tanto o Quebra-quilos quanto o espetáculo Vereda da Salvação (grupo Ser Tão Teatro), serão encenados no XII Festival Nacional de Artes (FENART), de 18 a 26 de abril.

Essa primeira edição da Mostra de Grupo ofereceu àqueles que participaram das oficinas, painéis e apresentações, alguns procedimentos utilizados pelos Clowns, que se tornaram uma referência no âmbito teatral nordestino e brasileiro.

Além do repertório dos Clowns e do Quebras-quilos, a mostra contatou ainda com a presença do grupo pernambucano TEA, com uma apática montagem de Metamorfose, de Kafka. Encerrando a mostra um momento ousado, atrevido e muito violento, mas que revelou a energia em cena do ator e diretor Silvero Pereira.

Adaptado de um texto do não menos ousado Caio Fernando Abreu, o monólogo Uma Flor de Dama, do Grupo Parque, do Ceará, colocou o público não como um espectador em uma sala de teatro, mas sim como testemunha ocular de um verdadeiro “barraco”, daqueles que acontecem em mesas de bares, na rua, ou até mesmo na sua casa!

Tudo isso cheio de ironias e até mesmo uma certa sensualidade em uma palco que não era palco, em um teatro que não era teatro. Naquele momento, era apenas um bar...e nós, apenas ocupantes das outras mesas enquanto a Dama da Noite, soltava toda sua verborragia e assim encerrava a primeira edição da Mostra de Teatro de Grupos.

Vamos aguardar 2009 e com ele, a segunda edição deste projeto que agora assume a responsabilidade e o compromisso de continuar provocando a cena teatral local, colocando no palco e à mesa, debates e apresentações que estimulem a reflexão dos diversos grupos de teatro na Paraíba e no Nordeste em geral.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Surto ou susto,
não sei,
é f...

terça-feira, 4 de março de 2008

Diário de bordo - capítulo 1 "Lasar Segall"


Mas porque Segall, de repente neste blog? Pq raras sãos as oportunidades que temos de ver em um só ambiente um recorte tão significativo de um artista como esse. Pois é. Então, estando em São Paulo não pude deixar de conhecer esse cidadão que teve as caras de confrontar a sociedade brasileira em 1926 com essa pintura acima - e muitas outras!, que se chama Morro Vermelho.

Veja o que escreveu o curador Tadeu Chiarelli sobre esta obra: "Morro vermelho é uma das obras mais complexas de Lasar Segall. O quadro apresenta o tema da Virgem com o menino de maneira impactante: a frontalidade das figuras sugere as imagens de devoção cristã, mas ambas exibem traços africanos, o que não é absolutamente comum na arte dos anos de 1920 (...) O uso de cores virbrantes também é parte da herança expressionista, mas essa vertente da produção vanguardista não se permitia aderências a qualquer cânone pictórico, como fez Sagall ao relacionar a mãe e a criançca negras à tradição iconográfica cristã".

Morro vermelho foi pintado durante a primeira temporada brasileira de Segall (1923-1928). Mostra-se caminhos entrecruzados nesse tipo de expressão de Sagall. É vê-lo caminhar entre a tradição e a radicalidade das vanguardas.


Pq Sagall?! Porque é modernista e pq sua pintura é brasileira. Nascido na Lituania, Lasar Segall foi um daqueles homens que pirou o quengo do Mário de Andrande desde os anos de 1920. Pq? mais uma vez pq era moderno, e isso significava para Mário de Andrade estar presente á polêmicas estéticas vigentes à epoca. Polêmicas que estavam presentes á vida daqueles vanguardistas que tinham como guia a escola expressionaista. A pintura acima leva o nome de Paisagem Brasileira (1925). As cores são fantásticas e qualquer semelhança com nossas favelas não é mera coincidência...



E pra encerrar esse primeiro capítulo do meu diário de bordo por São Paulo, finalizo com uma das telas que mais gostei na exposição de Sagall. A imagem acima tem o nome de "Duas Amigas". Elas são ousadas, sugestivas, e até mesmo embaraçosas. Suas cores são disformes e seus gestos agressivos. E por isso mesmo que as admiro...é isso...as elocubrações ficam por conta do curador da exposição, o Tadeu Chiarelli.
De minha parte ficam apenas as impressões. E sim, este é, pra mim, um dos objetivos da exposição, revelar a recepção dos modernistas brasileiros á obra de Segall. Isso acaba provocando um processo de recepção a partir da recepção do outro. Mas isso é outra história...
A expoisção Sagall Realista está aberta ao público até 16 de março na Galeria de Arte do Sesi, localizada no Centro Cultural Fiesp, na avenida Paulista em São Paulo.













quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Enraizados - Com excelência fotográfica, a música acabou sendo desperdiçada



A noite foi de festa para toda a equipe do vídeo de curta-metragem Enraizados, dirigido por Niu Batista e lançado na quarta-feira (27) no belo Theatro Santa Roza. Um vídeo de fotógrafo. Isso não há dúvida. Apesar das consistentes interpretações dos poetas Marco di Aurélio e Chico Viola.

Em poucas palavras o vídeo nos apresentou Minervino e Salustiano. Interpretados por dois homens, artistas e poetas dedicados a personagens densos. E é neste ponto que o roteiro e a direção de Niu Batista precisa amadurecer mais. A idéia subjetiva e introspectiva da vida de dois homens isolados de quaisquer resquícios de urbanidade é fértil, mas não eficaz, principalmente quando ela se instala em solos sertanejos.

Dramaticidade e tragicidade estavam presentes. Isso também ficou claro. O que não ficou claro foi a presença dos dois homens. E a transformação que a tragédia provoca? Isso não existiu, mas existiu o sofrimento e o conflito de idéias a citar o diálogo entre os irmãos sobre a ordem da mãe falecida em que os filhos não deveriam, jamais, ultrapassar as montanhas. Um comenta apenas reforçando a ordem, o outro contesta, mas também não ultrapassa. Uma boa metáfora para a vida, mesmo não sendo bem resolvida.

Um elemento fílmico se tornou excessivo e desperdiçado pela excelência da fotografia de João Carlos Beltrão: a trilha sonora. Feita exclusivamente para o vídeo, as composições são bonitas, mas não se encaixam com a textura fotográfica, nem muito menos com a narrativa do vídeo.

Em cenas como as que anunciavam o final trágico de um dos personagens, a música acaba se transformando em ruído, interrompendo bruscamente a harmonia do espectador com o texto visual. A pulsão na direção de fotografia dispensa qualquer elemento a mais.

A trilha sonora, que deveria ser um elemento fílmico, acabou provocando uma polifonia que não agrada nem aos ouvidos nem aos olhos que se encantam com as cenas que poderiam ser mais belas se o som direto tivesse sido mais explorado.

Quanto ao tempo do filme, foi bem aproveitado, pois não torna o vídeo denso nem cansativo, mesmo com poucos diálogos. Mas tem um problema. Como não há muito esclarecimento sobre o texto fílmico, o espectador acaba ficando meio que perdido por não entender bem do que se trata Enraizados.

Sabemos que é um breve tempo no tempo daqueles dois irmãos. Sabemos que eles têm referencias familiares muito fortes, mas não sabemos porque eles nunca saíram dali. Será que foi só porque a mãe deles disse para não faze-lo? E Minervino, o contestador? Se ele contesta, porque não muda e enfrenta?

Parabéns a Niu Batista que amadureceu em seu trabalho de direção. Isso é perfeitamente comparável quando relembramos O Mundo Yan, seu penúltimo vídeo, também dedicado a dramas pessoais, ao retratar as variações, aflições e alegrias de um portador de necessidades especiais.

Ao contrário do Mundo de Yan, Niu escolheu em Enraizados um caminho mais intimista ao dispensar os diálogos e investir na fotografia. Suas escolhas são mais seguras, revelando sua sensibilidade para investigar e emoldurar os conflitos pessoais do ser humano.

Niu Batista mostrou-se decidido ao lado de Marco di Aurélio, em fazer sem nenhum tipo de incentivo público ou privado, esta produção que é livre de imposições comerciais. A liberdade de Enraizados está garantida pelo trabalho em equipe que foi feito.

Uso aqui uma frase de Bruno de Salles, diretor do premiado Cão Sedento, ao final da estréia de Enraizados: “o cinema paraibano está vivo e as pessoas precisam saber disso!”.

É isso mesmo! Tão vivo que nossas produções não param. As pessoas estão sempre se organizado para filmar ou grava algo novo, ou propor um novo olhar em torno do velho. Prova disso é sabermos que há um Marcos Villar fazendo um vídeo poema sobre a barreira do Cabo Branco, ou um Otto Cabral que pretende documentar em um matadouro de Patos um daqueles homens que são responsáveis por esquartejar o boi e que na sexta-feira santa não trabalha – passa o dia na igreja, ou ainda um Arthur Lins que pensa em fazer um faroeste aqui em João pessoa, ou um Tiago Penna e sua Água Barrenta...a lista é grande...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Dyogenes Chaves -
Artista plástico, editor da Revista Pessoa, e coordenador de artes cênicas da Fundação Espaço Cultural da Paraíba


CALINA BISPO. Os artigos da Segunda Pessoa refletem o pensamento dos artistas visuais paraibanos?
DYOGENES CHAVES. Não sei com precisão. Mas, pelo menos, a revista é dedicada a uma parcela de artistas que se interessa por novas possibilidades na arte e pelo que esta sendo feito/discutido/pensado em todo lugar e qualquer do planeta hoje (mesmo estando nesta província, e isso são coisas da globalização).

CB. Há uma característica nesse pensamento?
DC. O pensamento/opçao/caminho dos bons artistas locais não é uma exceção (ele sempre estará atualizado com o mundo). E na revista há uma opção por este pensamento contemporâneo (velhos e sempre novos meios, como a arte postal; a arte publica cada vez mais atual; questões do direito autoral, que é um assunto tabu), seja local (a velha polemica do porteiro do inferno e a entrevista com a ceramista Rosilda Sá) ou universal (os aforismos sobre a critica de arte de Adolfo Montejo Navas, em espanhol mesmo).

CB. Qual o critério editorial da Segunda Pessoa?
DC. Primeiro, textos e artigos de produtores paraibanos, ou sobre assuntos da terra. Depois textos de ressonância nacional ou de interesse da arte atual... Afinal, esta Segunda Pessoa tem o fundamental apoio do Governo do Estado (Fic Augusto dos Anjos) e daí uma maior atenção a arte paraibana.

CB. Qual o caminho da Segunda Pessoa? Por onde será distribuída, a tiragem, haverá Terceira Pessoa?
DC. Logo logo vai estar na internet (para sua multiplicação). A tiragem impressa foi de dois mil exemplares e será distribuída, gratuita e preferencialmente, no Estado (artistas, universidades, bibliotecas, instituições culturais). Depois, para as principais instituições culturais do país. A terceira pessoa já esta sendo pautada e, provavelmente, será um número dedicado ao NAC ( Núcleo de Arte Contemporânea) nos seus 20 anos (a maioria das colaborações e depoimentos).

CB. A revista busca entender como operam as artes visuais na Paraíba, tanto no âmbito do projeto e do processo, como da obra e da arte? Fala um pouco sobre isso a partir da contribuição da revista para investigações semelhantes...
DC. O veiculo impresso em nossa área - artes visuais - é fundamental para solidificar um espaço de discussão da obra de arte, do sistema da arte, em todos os níveis. Diferente de uma produção cientifica impressa, que é sempre voltada para os próprios cientistas, uma revista de artes visuais tb quer chegar aos estudantes e jovens artistas, e ao publico em geral. Afinal, somos carentes de textos elucidativos sobre esse mundo - artes plásticas - que é, muitas vezes e erroneamente, tratado como elitista intransponivel e complexo.

CB. Como as artes visuais paraibanas estão se relacionando com o contexto geral de práticas e de idéias em que se constituem as artes visuais brasileiras?
DC. Às vezes, parece que o melhor caminho é o aeroporto. Porque aqui deveria haver mais estimulo ao artista. E sem esse apoio (que sempre deve ser iniciado pelos governos), falta mercado, colecionadores, galerias e museus. E nisso se resume o sonho de consumo dos artistas plásticos, sejam de qualquer lugar. Os artistas (daqui e d'alhures) sempre estão atualizados com o mundo. E mesmo faltando de tudo, temos a convicção de que devemos continuar a produzir, gritar, denunciar... É como uma obstinação. E se há sinceridade e convicção do artista, a produção é boa. Nesse contexto, temos grandes artistas e que serão grandes em qualquer grande cidade, independente de governos.

CB. Segunda pessoa confronta os cânones estéticos com as novas possiblidade advinda da tecnologia?
DC. Na verdade, a Revista esta antenada com a boa arte, seja uma produção tradicionalista ou de alta tecnologia. Afinal, pouco interessa o meio que o artista usou... Interessa seu engajamento com a discussão do sistema da arte (produção, mercado, distribuição, fomento, reflexão, formação, educação...) e, aproveitar a tecnologia dos dias de hoje é saudável já que isto esta a sua disposição mesmo.

Linhas afetivas da pele III, pintura e foto de Sandoval Fagundes

As lInhas Afetivas da Pele II, pintura e foto de Sandoval Fagundes

do micro curta-metragem para a macro Rede Globo...

Na última segunda-feira (18) estreou uma nova minissérie da Rede Globo. Queridos Amigos, dirigida por Denise Saraceni, mantêm a tradição da emissora em sempre lançar essa linha narrativa logo após o carnaval. Com dois atores paraibanos no elenco, nossa reportagem foi conversar com o diretor de cinema e vídeo, Tiago Penna e com a atriz e poeta Maria Eunice Boreal sobre a presença de atores locais na televisão e até que ponto isso é sinônimo de sucesso.

Hippies, Pop Art, Legião Urbana e Ditadura Militar serão os pontos altos da nova minissérie, que pode confirmar para os atores Luiz Carlos Vasconcelos e Mayana Neiva, uma ascensão junto ao casting da emissora. A porta da esperança parece ter sido aberta com os testes da micro-série A Pedra do Reino, lançada em junho de 2007, sob a direção de Luiz Fernando Carvalho a partir do livro homônimo de Ariano Suassuna.

Outro exemplo dessa ascensão para a mesma emissora nacional é o ator Beto Quirino, que chegou a fazer o teste de elenco para a produção em homenagem á Ariano Suassuna, mas acabou sendo convidado para atuar na minissérie Amazônia, lançada em janeiro de 2007, sob direção geral de Marcos Schechtman. Atualmente Quirino é o “mestre” dos sete anões que acompanham o Evilásio Caó, personagem de Lázaro Ramos em Duas Caras.
Para Tiago Penna, que dirigiu Beto Quirino e Mayana Neiva (Karina da primeira fase de Queridos Amigos) em 2003 no curta-metragem Progéria (http://br.youtube.com/watch?v=gY9XD27UJ34), essa chegada às telas da Rede Globo é apenas mais um veículo de atuação destes atores, que já passaram tanto pelo cinema quanto pelo teatro, assim como muitos outros da própria emissora.

“Embora muitos artistas almejem estar na televisão, e em especial na Rede Globo aqui no Brasil, eu enxergo essa busca como um reconhecimento "honoris causas" do seu próprio talento. Mas acredito que a televisão é apenas mais um veículo e não o principal. A maioria dos artistas da Globo também fazem teatro, e alguns também trabalham no cinema”, observa Tiago.

A poeta e atriz – que já atuou tanto no teatro quanto em produções audiovisuais – Maria Eunice Boreal, observa que em qualquer que seja o veículo onde o ator está atuando, ele não deve permitir que seu trabalho seja mecânico e sem provocar transformação alguma no indivíduo.

“Independente da forma de linguagem, direcionamento estético ou discussão moral que o artista se proponha a fazer, é de extrema necessidade que ele se reconheça naquilo que faz. No caso do ator, que é integrante de uma construção dramaturgica, é minimamente lúcido que a escolha do texto represente a necessidade ideológica de comunicação ou não comunicação adequada dentro do contexto histórico em que se vive”, ressalta a atriz.

O Estado de Pernambuco conheceu essa realidade antes da Paraíba com a “migração” da atriz Leona Cavalli – também em Duas Caras e tendo passado por Amazônia - para a mesma emissora. A atriz fez-se conhecida daqueles que acompanham o cinema independente brasileiro em 2003 com a estréia em festivais do filme Amarelo Manga, do polêmico Cláudio Assis.

O percurso de Cavalli (Contra Todos, Cafundó) pelo cinema nacional é tão extenso quanto o de Luiz Carlos Vasconcelos (Baile Perfumado, EU, Tu, Eles, Árido Movie), que será Ivan em Queridos Amigos. Antes do cinema, porém Vasconcelos criou uma das iniciativas mais enraizadas do terceiro setor paraibano, que é o Centro de Cultura Piollin. Como diretor de teatro, seu projeto mais consagrado ainda é o premiado espetáculo Vau da Sarapalha, que há mais de uma década é montada pelo mesmo grupo de atores, o que também garante recorde de público na maioria de suas encenações.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

As Linhs Afetivas da Pele, por Sandoval Fagundes




Veja mais fotos deste trabalho que o artista plástico Sandoval Fagundes está desenvolvendo. Além de mim, outras 47 mulheres participam como modelos. Entre no link abaixo:

http://www.orkut.com/Album.aspx?uid=11456869032767657114&aid=1203045332

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Rapsódia em Agosto

Mesmo que não seja o melhor filme de Akira Kurosawa, Rapsódia em Agosto (1991) é uma das melhores expressões artísticas sobre o período pós Bomba Atômica. Sempre impecável em seu roteiro e fotografia, Kurosawa faz o norte-americano se curvar a seu rpórpio erro e pdeir desculpas às várias gerações marcadas pelos efeitos da bomba. Suas cenas são lentas como as que conhcemos em Sonhos, mas o tempo é linear e a história, emocionante, como sempre...Culpa e arrependimento, é isso...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Cenas de Cinema 3 - Mulheres, moda ou apenas um modelo?!

Voltando à Blow Up, de Antonioni, pois não resisti em publicar um pedacinho desta cena, que ao assistir pela primeira vez fiquei maravilhada com várias leituras que me vieram a cabeça. Assim, ficava naquela se oolhava aquela cena do ponto de vista fotográfico, se olhava do ponto de vista da moda, como antonioni coloca esse conceito no filme, que é de 1966, ou ainda, como a figura da mulher tem uma representação vazia de significação e humanidade, apenas um manequim...e a sensualidade nessa cena com a verunska?! Não é a toa mque este filme é objto de estudo e pesquisa entre muitos estudiosos, tanto da literatura, quanto do cinema, ou da psicologia...quer dtirar a proiva dos 9?! vai no google acadêmico e procura...

Cenas de Cinema 2 - Vidas Secas

Se colocasse aqui que esta é uma bela cena, estaria apenas reforçando o estereótipo da seca nordestina e minha intenção não é essa, é apenas homenagear um dos diretores do cinema brasileiro mais humanos que encontrei em minhas curtas sessões domésticas. Nesta sequencia inicial Vidas Secas (1963), Nelson Pereira dos Santos já antecipa o clima árido e (des) humano da família de "baleia". Importante pelo papel social e crítico de uma sociedade carente de água, inesquecível por adaptar um dos maiores títulos da literatura brasileira e histórico por ser de quem é...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Cena de Cinema 1 - Blow Up




Essa é uma das melhores sequencias de abertura de um filme...é porque é arte fazendozuada para algo, é porque é cinema chamando a atenção para a vida, é porque é blow up de antonioni, é porque o filme é absolutamente provacador e cheio de simbolismos que dá pano pra manga para muitas teses e tese, e, muito além das teses, é porque é simplismente um exemplo do exercício cinematográfico de um autor como Michelangelo Antonioni...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Os primeiros versos de 2008 me chegam pelo msn...


Afrodite, me deixa nua, lambendo a lua e grita enlouquecida com sussurros e suspiros pelo território do meu corpo! diz:

Meu peito é um vasto espaço suspenso e brando
O veneno virando orvalho na tua boca.
É a fonte intergaláctica
Que busca a nova poética
É a sede de te viver.
Serpente escorpiana,
Abre a espiral no ventre
E volta logo ao leito e berço

Afrodite, me deixa nua, lambendo a lua e grita enlouquecida com sussurros e suspiros pelo território do meu corpo! diz:

A onde enlaçamos as mãos e recriamos o novo beijo.
Pelo qual canta nossas seculares almas geminianas.
Meu peito é um vasto espaço suspenso e brando
Flana sob as ilhas de um mosaico libertário,
Visiona astronautas e abduz a eternidade.

Maria Eunice Boreal - 04h14 - 02.01.2008

Afrodite, me deixa nua, lambendo a lua e grita enlouquecida com sussurros e suspiros pelo território do meu corpo! diz:

Sofejo de um rouxinol na aurora da vida