Na última segunda-feira (18) estreou uma nova minissérie da Rede Globo. Queridos Amigos, dirigida por Denise Saraceni, mantêm a tradição da emissora em sempre lançar essa linha narrativa logo após o carnaval. Com dois atores paraibanos no elenco, nossa reportagem foi conversar com o diretor de cinema e vídeo, Tiago Penna e com a atriz e poeta Maria Eunice Boreal sobre a presença de atores locais na televisão e até que ponto isso é sinônimo de sucesso.
Hippies, Pop Art, Legião Urbana e Ditadura Militar serão os pontos altos da nova minissérie, que pode confirmar para os atores Luiz Carlos Vasconcelos e Mayana Neiva, uma ascensão junto ao casting da emissora. A porta da esperança parece ter sido aberta com os testes da micro-série A Pedra do Reino, lançada em junho de 2007, sob a direção de Luiz Fernando Carvalho a partir do livro homônimo de Ariano Suassuna.
Outro exemplo dessa ascensão para a mesma emissora nacional é o ator Beto Quirino, que chegou a fazer o teste de elenco para a produção em homenagem á Ariano Suassuna, mas acabou sendo convidado para atuar na minissérie Amazônia, lançada em janeiro de 2007, sob direção geral de Marcos Schechtman. Atualmente Quirino é o “mestre” dos sete anões que acompanham o Evilásio Caó, personagem de Lázaro Ramos em Duas Caras.
Para Tiago Penna, que dirigiu Beto Quirino e Mayana Neiva (Karina da primeira fase de Queridos Amigos) em 2003 no curta-metragem Progéria (http://br.youtube.com/watch?v=gY9XD27UJ34), essa chegada às telas da Rede Globo é apenas mais um veículo de atuação destes atores, que já passaram tanto pelo cinema quanto pelo teatro, assim como muitos outros da própria emissora.
“Embora muitos artistas almejem estar na televisão, e em especial na Rede Globo aqui no Brasil, eu enxergo essa busca como um reconhecimento "honoris causas" do seu próprio talento. Mas acredito que a televisão é apenas mais um veículo e não o principal. A maioria dos artistas da Globo também fazem teatro, e alguns também trabalham no cinema”, observa Tiago.
A poeta e atriz – que já atuou tanto no teatro quanto em produções audiovisuais – Maria Eunice Boreal, observa que em qualquer que seja o veículo onde o ator está atuando, ele não deve permitir que seu trabalho seja mecânico e sem provocar transformação alguma no indivíduo.
“Independente da forma de linguagem, direcionamento estético ou discussão moral que o artista se proponha a fazer, é de extrema necessidade que ele se reconheça naquilo que faz. No caso do ator, que é integrante de uma construção dramaturgica, é minimamente lúcido que a escolha do texto represente a necessidade ideológica de comunicação ou não comunicação adequada dentro do contexto histórico em que se vive”, ressalta a atriz.
O Estado de Pernambuco conheceu essa realidade antes da Paraíba com a “migração” da atriz Leona Cavalli – também em Duas Caras e tendo passado por Amazônia - para a mesma emissora. A atriz fez-se conhecida daqueles que acompanham o cinema independente brasileiro em 2003 com a estréia em festivais do filme Amarelo Manga, do polêmico Cláudio Assis.
O percurso de Cavalli (Contra Todos, Cafundó) pelo cinema nacional é tão extenso quanto o de Luiz Carlos Vasconcelos (Baile Perfumado, EU, Tu, Eles, Árido Movie), que será Ivan em Queridos Amigos. Antes do cinema, porém Vasconcelos criou uma das iniciativas mais enraizadas do terceiro setor paraibano, que é o Centro de Cultura Piollin. Como diretor de teatro, seu projeto mais consagrado ainda é o premiado espetáculo Vau da Sarapalha, que há mais de uma década é montada pelo mesmo grupo de atores, o que também garante recorde de público na maioria de suas encenações.
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