terça-feira, 17 de junho de 2008

Um “shaker” para um poema de Walt Whitman

O fragmento que segue foi um dos que mais me chamou a atenção em um box que reúne curtas da avant-garden. Me chamou atenção, primeiro por ser uma leitura de um poema de walt whitmam, poeta americano que conheci recentemente por meio de um amigo...depois porque é uma oportunidade ótima para se ver “de perto” a leitura do fotografo abstrato, Charles Sheeler.

Natural da Filadélfia, Sheeler se tornou um dos fotógrafos abstratos mais importantes do Estados Unidos. Neste curta experimental “MANHATTA” de 1921, ele divide a fotografia com Paul Strand. A partir de trechos do poema Leves of grass, de Walt Whitman, os dois fotógrafos deram sua versão à cidade de New York.

O poema de Whitman já é bastante visual e concreto. Onde é facilmente visível a cidade que o poeta VER. Mas também é obscuro pela urbanidade e pelo crescimento industrial do país. E isso é tão bem explorado pelos dois fotógrafos abstratos que à distância, sem se aproximar das pessoas, o humano é apenas mais uma carga que é despejada na urbes.

Outro dado importante: este é reconhecidamente o primeiro filme do movimento avant-garden feito nos Estados Unidos.

Além de ver um pequeno fragmento deste curta, aproveite e leia os trechos “fotografados” por Sheeler e Strand. É imperdível.



MANHATTA

Cidade do mundo
(todas as raças estão aqui)

Cidade de grandes fachadas de mármore e de ferro

Cidade orgulhosa e apaixonada

Quando milhões de pessoas de Manhattam estão livres...
Elas andam por aí

Gigantescas construções de ferro, finas, fortes,
Esplêndidas em torres em direção aos céus.

As construções das cidades: as pás, um grande guindaste,
Andaimes, o trabalho em paredes e tetos.

Onde nossos mais belos arranha-céus de mármore e ferro,
estão em lados opostos.

Cidade de águas rápidas e brilhantes.
Cidade aninhada nas baías.

Este mundo arruinado com estradas de ferro.
Com filas de navio a vapor indo para todos os mares.

O formato das pontes, vasta estrutura, vigas, arcos.

No rio um grupo sombrio, o grande rebocador
Sendo atacado de perto por todos os lados por barcaças.

Onde a incansável multidão da cidade se movimenta,
Durante um dia inteiro.

Deslumbrantes sombras do por do sol!
Que me enchem de esplendor,
e aos homens e mulheres
Das próximas gerações.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Casarão 34 tá bombando e arrasa na programação do Dia dos Namorados



Uma programação de provocar o paladar. Pois é, o Casarão 34 tá bombando com seu Cineclube, que tem à frente Ana Barbára. A moça tá arransado em apresentar um repertório cinematográfico que nos dispensa dos contratempos das salas de cinema locais, e ainda nos insere seleto número de pessoas que assistem aquilo que não nos é próximo.

Nesta quinta-feira, foi lindo...até decoração e algo mais para uma programação, que nada tinha de clichê...a video dança, Kiss me, é entre tantos vermelhos, beijo pra cima e algo mais meu bem. Aguça os instintos, nos aproxima desse suporte tecnológico que a dança vem investindo. Na simplicidade da camera parada, a ausência de planos variados e presença dos beijos resolvem tudo, além de ser totalmente contemporaneo...nada de papai e mamãe para o Dia dos Namorados, é Kiss me...

E Kar Wai, nossa, já era fã apenas por assitir Amor à Flor da Pele, um dos filmes mais belos que já vi. E foi com estas referências que fui ver Amores Expressos, terceiro filme dele...então,levei um susto danado e maravilhoso, pois Kar Wai, nestes dois títulos que conheço seu), não é muito à lá, formúlas de sucesso. Amores Expressos, que´é bem anterior à Amor à Flor da Pele, mostra um diretor subversivo, com personagens sigulares e solitárias (acho que é esta a caracteristica que aproxima Amores Expressos de Amor à Flor da Pele).

Todas elas estão à procura de algo qualitativo e quantitativo, mas seus encontros são esbarrados pela camera, pelos planos, pela ironia e pela trilha sonora, que em Amores Expressos diverte, surpreende e depois se repete até cansar a gente...

Mas isso não é para analisar filmes, apenas para dizer que João Pessoa está bombando em relação ao circuito cineclubista...na terça-feira, tem o cineclube José Dumont, no Cefet, que entre longas e curtas, o foco principal são filmes mais comerciais, mas importantes...

Na quarta-feira tem o Tintin, que investe (ainda bem), em curtas-metragens nacionais, e atuais. Nos mostra que o cinema está sendo feito pelo Brasil afora, e que precisa ser visto e eles fazem esse papel. Agora que eles receberam as caixas da programadora brasil, novas opções surgem aos olhos dos que percorrem os cineclubes da cidade...

Mas é importante prestar atenção em uma coisa quando falamos de Tintin - ABD, e URBE - Ponto de Cultura. O Tintin é ótimo, provocou uma inquietação na cidade, ao ponto de fazer surgir outros cineclubes. Mas a ABD não pode ficar só nessa de sessão cineclubista não. Carlos Dowling e Cia, por favor, façam algo, porque tintin não deve ser A ação de "formação de público e difusão do audiovisual" da Associação Brasileira de Documentaristas -PB.

"formação de público e difusão do audiovisual" . Um termo tão de gaveta, que até vira clichê quando se resume à programção do Tintin..Sei lá, façam alguma coisa...o pontão de cultura vem aí, e com ele uma grana de pelo menos 360 mil reais...então, só Tintin não dá, né?!

mas voltando. na quinta-feira, tem o Cineclube do Casarão 34, que vem investindo na formação tanto de platéias quanto dos realizadores...preciso dizer mais alguma coisa?

Correndo por fora, ainda tem a programação do Omniographo, do Fabiano Lucena, com seus filmes banidos, o cinema extremo, subversivo...tá arrasando também, só precisa achar o dia certo para integrar todo esse circuito cineclubista..

E ainda temos o Sesc, que por falar em Sesc, vem aí uma mOstra em homangem à Fernando Teixeira. A mostra começa logo com Baixio das Bestas, de Claúdio Assis. Imperdível!!!

Teve de tudo, menos poesia...

Sei lá, tudo começou quando me ligaram me convidando para integrar o juri do Festival de Poesia Encenada do Sesc João Pessoa...pensei comigo, puta merda, o que entendo eu de poesia?! O mais próximo que chego è a leitura...recusei, ainda bem, pois descobri depois a fogueira que estava pulando...

Como não entendo porra nenhuma de poesia, cabe a mim, apenas, dizer que achei tudo muito estranho. Primeiro, entre os jurados, só tinha um poeta de verdade, o Políbio Alves, que parece ter sido o úncio a encontrar poesia nesse festival que terminou ontem a noite.

Fui só na primeira noite. Não entendi bem o que estava acontecendo ali...conversando com alguns poetas de verdade ( no sentido da cena literária paraibana reconhece-los assim, e suas obras também comprovarem), me perguntava se eu era mais distante da poesia do que eu imaginava, eu realmente não tinha poesia naquele festival...até que li a melhor definição para este projeto do Sesc; parafraseando meu colega, que também é poeta: "O Poesia Encenada do Sesc é a Festa das Neves da Literatura". Perfeito!!!

Pois é. Uma coisa dessas acontece e aí penso o quanto é carente de credibilidade um evento como esse, pois a quem deveria mais atingir, só afasta, que sãos os poetas paraibanos e críticos especializados. É tanto que, o único nome da poesia paraibana que estva inscrito era o de Antônio Mariano. No juri, teve de tudo, e com todo o respeito, mas não tiveram pessoas com autoridade para avaliar aquelas apresentações, que ilustravam contos, historinhas ou sei que lá o que...menos a poesia...

É preciso ser revisto imediatamente esse perfil que o Sesc está dando a um Festival que tinha tudo pra "bombar" em João Pessoa, já que não temos nada parecido nesse segmento cultural. Tudo começa pela própria pré-seleção: Quem integra a equipe? Que critérios são usados para selecionar os poemas que estarão em competição? Onde está a poesia paraibana? O que eles entendem por poesia? E o juri, pq não convidar pessoas realmente "gabaritadas" para tal avaliação? Será o medo de ouvir críticas negativas? Ou até mesmo, de o festival não acontecer caso uma das autoridades entendam que não há poesia no Festival?

Rever não é constragedor. Ouvir e ler as críticas é um processo de aproximação e compreensão dosque outras pessoas têm a dizer sobre algo. Então, porque não se aproximar de quem realmente entende do babado, para assim fazer algo que esteja a altura do nome do evento?!

Fica o recado e que no próximo, os erros sejam lembrados para não serem revisitados...

terça-feira, 3 de junho de 2008

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Burro Morto vive, e é no afrobeat...



Muita gente toca afrobeat, é verdade. Na Paraíba, por exemplo, o Néctar do Groove sempre tem UM momento afrobeat em suas performances, assim como o Aerotrio ou até mesmo o ChicoCorrea & Eletronic Band. Então, qual a novidade disso tudo?!



A novidade é que uma garotada de João Pessoa, que começou como tantas outras garotadas desta capital e de tantas outras mais, resolveu se juntar e assim formar um grupo instrumental DE afrobeat. Essa é a diferença dos meninos do Burro Morto para estes e tantos outros grupos de João Pessoa.



Desde o Encontro da Nova Consciência, em Campina Grande, que tenho ouvido bastante essa expressão pelos bastidores das bandas paraibanas. Estávamos já acomodados com a música improvisada, jazzística e eletrônica do Chico Correa, o regionalismo pulsante do Escurinho, as misturas, apropriações e releituras do domínio público do Cabruêra. Isso só para citar os grupos "midiaticos".



Mas Burro Morto, nossa, esse surgiu NÃO para ocupar o lugar de uma dessas bandas já bem conhecidas da gente, mas para TOCAR o afrobeat. Diga aí?! Não é que temos em João Pessoa, um grupo novo, que está aparecendo timidamente nas escassas produções locais, mas que por onde tem tocado, tem agradado bastante ao público.



O percurso por vários gêneros e distintas influências musicais é tão valoroso quanto a escolha por um universo apenas, que em si mesmo, é diversificado. As quatro faixas (Castelo de Pedra, Indica, Nicksy Groove e Menarca) disponíveis para audição no My Space da banda (www.myspace.com/burromorto) é só um aperitivo do que é a performance do grupo ao vivo.



Com um repertório bem mais longo e ousado, só no show é possível identificar muitas das influências do grupo. Quando estão no palco, os músicos se entendem de tal forma que chegamos ao ponto, no público, de até pensarmos que é uma banda daquelas de anos e anos de shows e mais shows que está ali...



O que é bastante positivo nisso tudo é que esse caráter espontâneo e maduro pode até não ser proposital (mas que pode ser alcançado também com muito ensaio e pesquisa), mas revela a cada música as referências do Burro Morto, a citar Felá Kut, Osibisa, The Budos Band e Tony Allen.



O som que o Burro Morto faz não lança um elemento musical novo, mas na cena paraibana, funciona como grupo de renovação, que observa outros elementos e faz, em João Pessoa, afrobeat de qualidade e autoral.



É continuar ensaiando, aumentar o repertório no My Space, entrar em estúdio para lançar um CD bem produzido. O público parece que está cada vez mais atraído pelo afrobeat que surge na capital paraibana e pelos palcos por onde passa o Burro Morto.



Para quem não conhece, é só procurar no google qualquer um desses nomes que citei acima. No caso dos meninos, minha sugestão aos que forem ouvir as quatro faixas no My Space, é Nicksy Groove, que quando tocada ao vivo é o ponto alto do show. Harmonia entre tantos instrumentos, e a escaleta, então? Só ouvindo para entender...



O grupo é formado por Felipe Tavares - Contrabaixo e percussão, Thiago Costa - Synth
Victor Afonso - Percussão e trompete, Leonardo Marinho - Guitarra e saxofone, Daniel Ennes - Contrabaixo e trompete, Felipe Gouveia - Percussão, flauta e guitarra, Haley Arthur - Orgão, escaleta, garrafa e Ruy Oliveira – Bateria.