A literatura, assim como o teatro – ver as inúmeras adaptações das peças de Shakeaspeare para a tela grande, é uma das grandes inspirações para o cinema mundial. No Brasil, importantes livros de grandes escritores, se tornaram importantes filmes nas mãos de grandes diretores. Só Graciliano Ramos teve três de seus livros já encontrados pelas adaptações cinematográficas, a citar Vidas Secas e Memórias do Carcére pelas mãos de Nelson Pereira dos Santos (1963 e 1984), e São Bernardo por Leon Hirszman (1972).
O escritor paraibano José Lins do Rego também encontrou suas adaptações cinematográficas. Apesar de nenhuma delas ter conquistado grandes elogios da crítica e do grande público, vale a citação do que foi rodado, como Pureza do português Chianca de Garcia (1940); Menino de Engenho (Walter Lima Jr., 1964); Fogo Morto (Marcos Farias, 1976) e Bella donna (Fábio Barreto, 1998). Este último, livremente baseado em Riacho doce.
Pelo Brasil, escritores da literatura portuguesa também têm aparecido no cinema, como é o caso de Eça de Queiroz. Com praticamente um mês de atraso, estréia hoje, em João Pessoa, em três salas de cinema, a adaptação brasileira de uma de suas obras mais conhecidas: O Primo Basílio, de 1878, com direção de Daniel Filho e elenco recheado de estrelas globais em ação, a exemplo de Fábio Assunção como Basílio, Glória Pires como Juliana e Reynaldo Gianecchini como Jorge. Débora Falabella interpreta a Luíza.
Mas esta não é a primeira vez a que o Brasil assiste na grande tela branca uma obra do escritor português. Em 2003, o cinema mexicano lançou sua versão para o Crime do Padre Amaro, 1875, pelo olhar do diretor Carlos Carrera a partir do roteiro de Vicente Lenero. Nem tão aclamada pela crítica, a produção mexicana despertou interesses tanto pela história de Eça de Queiroz quanto pela presença do astro Gael Garcia Bernal. Em 2005, Portugal também lançou sua versão cinematográfica para a obra lusitana. Realizado por Carlos Coelho da Silva, o filme bateu todos os recordes de bilheteria em Portugal.
De Lisboa para São Paulo
Ambientada na São Paulo de 1960, O Primo Basílio, se passa originalmente em Lisboa do século XIX e já tinha virado minissérie há 19 anos atrás na Rede Globo, também sob a direção de Daniel Filho. A obra conta a história da jovem Luísa, interpretada aqui por Débora Falabella, casada há três anos com o engenheiro Jorge, papel de Reynaldo Gianecchini.
A diferença aqui é que no livro de Eça, Jorge acaba se ausentando por um tempo de casa quando para o interior de Portugal. No caso da adaptação brasileira, Jorge precisa se ausentar por uns tempos para a construção de Brasília. Solitária, Luísa reencontra seu primo Basílio, uma antiga paixão, interpretado por Fábio Assunção e, com ele, começa um caso. O relacionando dos dois primos segue bem até que a empregada Juliana (Glória Pires) descobre cartas de amor trocadas entre os dois, e passa a chantagear Luísa.
Sobre Eça de Queiroz:
A estréia de Eça de Queiroz como escritor foi entre 1866/67, quando passou a publicar narrativas como O Réu Tadeu e Farsas no jornal Distrito de Évora. Daí em diante também passa a publicar poesias. Em 1870, em colaboração com Ramalho Ortigão, publica em folhetins no Diário de Notícias uma imaginária reportagem jornalística, O Mistério da Estrada de Sintra.
Em 1875, Eça publica seu primeiro romance: O Crime do Padre Amaro, que sai em folhetins na Revista Ocidental. Em 1878 é publicado o segundo romance: O Primo Basílio, primeiro grande êxito literário do escritor. Em 1879 escreve O Conde de Abranhos, que só foi publicado postumamente. Daí em diante, não pára. Veja mais:
Para ler Eça de Queiroz:
1880 - O Mandarim; 1883 - Alves & Ca (novela); 1884 - O Mistério da Estrada de Sintra; 1887 - A Relíquia; 1888 - Os Maias - romance que constitui a conseqüência de textos que deixa sem redação definitiva: A Capital e A Tragédia da Rua das Flores; 1900 - Após a morte do escritor, sai a público o primeiro volume de A Ilustre Casa de Ramires;
Outros filmes adaptados da literatura e do teatro:
Lolita ( de Stanley Kubrick, 1962, do romance homônino de Nabokov);
Um lugar ao sol (de George Stevens,1951, de An American tragedy, de Theodor Dreiser);
Razão e Sensibilidade (de Ang Lee, 1995, do livro homônimo de Jane Austen);
Janela Indiscreta (de Alfred Hitchcock, 1954, do conto Rear window, de Cornell Woolrich);
Hamlet ( de Kenneth Branagh, 1996, de Laurence Olivier, 1948, da peça homônina de Willian Shakespeare);
Uma rua chamada pecado (Elia Kazan, 1951, da peça A streetcar named desire, de Tenessee Williams).
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