sexta-feira, 20 de julho de 2007

TIN TIN Cineclube inova e apresenta um programa de “estrela” em sua última sessão


O bom de uma sessão de cineclube, além do próprio espaço de convivência que se cria, é poder assistir uma seqüência como a que puder ver na última quarta-feira (18), no TIN TIN Cineclube, e que eu sei que se não fosse assim, de outra forma seria quase impossível.

Nossa! Foram exibidos quatro curtas-metragens do diretor Roman Polanski, nascido em Paris e refugiado de guerra na Polônia, este um fato até impressionante, pois pelo que acompanho da divulgação do TIN TIN, este programa não é muito o perfil do cineclube, que sempre optou por curtas-metragens nacionais e até internacionais, só que não de autores já consagrados. Parabéns pela exceção à regra.

Aproveito este espaço para sugerir que pelo menos uma vez por mês, claro que respeitando limitações e acervo, sempre que possível, o TIN TIN faça essa retrospectiva de autores já consagrados por longas-metragens mas que, como a grande maioria dos mortais cinematográficos, começou seu caminho pelos curtas-metragens. Fica a sugestão.

A oportunidade de assistir a Polanski quando ele ainda era estudante de cinema faz com que identifiquemos logo de cara seu olhar metafórico, a preocupação excessiva com a fotografia e sua habilidade com a câmera. A brincadeira com planos e enquadramentos, e forma como aborda assuntos psicológicos, sexuais, surreais e a guerra. Sim, a guerra também. Em comum entre os quatro filmes apresentados: a ausência de diálogo e a “mão” do cineasta de Chinatown.

O primeiro curta exibido foi uma produção de 1958 e aí já nos deparamos com o toque de surrealismo do inesquecível Two Men and a Wardrobe, onde dois homens, imaginem só!, saem e entram dentro do mar carregando um guarda-roupa. Metafórico, quando o filme termina, você em um primeiro momento, desiste de tentar compreende-lo. Essa sensação é completamente espontânea. O jogo de enquadramentos com o espelho do guarda-roupa é um exercício cinematográfico.

Em seguida tem o sinistro The Lamp, de 1959. Polanski aqui já mostra o que é possível fazer para criar um clima de terror sem a necessidade de grandes efeitos especiais. O clima de suspense é criado pela iluminação e pela montagem sonora. A rapidez com que os quadros vão passando também reforça essa sensação agonizante. E tudo isso sem grandes produções. Uma sala, com várias bonecas e um curto-circuito. Essas sensações são retomadas por Polanski em filmes como O Bebê de Rosemary.

Em seguida vem When Angels Fall, que aborda um tema bastante recorrente do cinema mundial, a guerra e a violência com que ela chega a cada cidade. Só que isso pelo olhar de um jovem que já se preparava para anos depois filmar o premiado O Pianista. E aí, não tem como não fazer uma relação com sua própria história de vida, já que o diretor teve sua mãe assassinada em campos de concentração nazista, e seu pai prisioneiro. A noção de movimento de câmera, profundidade e volume neste filme alteram parcialmente nossa percepção de tamanho, pois o filme começa e termina localizando as ações em uma maquete.

E por fim, Mammals, de 1962. Pra mim, a melhor palavra para defini-lo é hilário. Uma comédia sem diálogos, com uma fotografia estourada e um cenário bucólico. A representação cinematográfica de dois atores é que dá o clima de comicidade. Comicidade que encontramos no clássico Dança dos Vampiros.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Escute Cine Sonoro neste domingo (8)

O Cine Sonoro vai ao ar aos domingos, às 19h, na Rádio Tabajara FM. Também pode ser ouvido em tempo real pela internet: www.paraiba.pb.gov.br e clicar no link da Tabajara On Line. Estamos recebendo por email críticas e sugestões de filmes: sonoro.cine@gmail.com .Produção e apresentação: Calina Bispo.

No programa deste domingo uma entrevista com o ator Sevílio de Holanda, falando sobre sua personagem na Micro-série da Rede Globo A Pedra do Reino e suas participações em filmes brasileiros, a exemplo do Baile Perfumado e Abril Despedaçado.

A programação musical traz a trilha sonora do filme O Invasor – com o rapper Sabotage, Paulo Miklos e Pavilhão 9, músicas da Pedra do Reino, Abril Despedaçado, Baile Perfumado e muito mais. Não perca também as dicas culturais com sugestões de DVD, agenda cultural e edital de festivais de cinema.

Escute o Cine Sonoro!!!

O Cine Sonoro vai ao ar aos domingos, às 19h, na Rádio Tabajara FM. Também pode ser ouvido em tempo real pela internet: www.paraiba.pb.gov.br e clicar no link da Tabajara On Line. Estamos recebendo por email críticas e sugestões de filmes: sonoro.cine@gmail.com .Produção e apresentação: Calina Bispo.

No programa deste domingo uma entrevista com o ator Sevílio de Holanda, falando sobre sua personagem na Micro-série da Rede Globo A Pedra do Reino e suas participações em filmes brasileiros, a exemplo do Baile Perfumado e Abril Despedaçado.

A programação musical traz a trilha sonora do filme O Invasor – com o rapper Sabotage, Paulo Miklos e Pavilhão 9, músicas da Pedra do Reino, Abril Despedaçado, Baile Perfumado e muito mais. Não perca também as dicas culturais com sugestões de DVD, agenda cultural e edital de festivais de cinema.

O Maior Amor do Mundo




O Maior Amor do Mundo é um filme que a cada enquadramento vai despertando no espectador a curiosidade de descobrir de onde vem esse amor, e àqueles mais céticos, o questionamento se realmente o maior amor do mundo existe. Desde a primeira cena, já se vê que Cacá Diegues apresenta uma trama extremamente psicológica, e aí, a câmera e a fotografia reforçam essa sensação a cada cena.

O filme é todo narrado sobre o ponto de vista de Antônio, personagem de José Wilker. Antônio é um astrofísico que descobre que tem um tumor inoperável no cérebro e que vai morrer em poucas semanas. A cena em que ele conta ao pai (Sérgio Britto) que vai morrer é impressionante e termina assim: “Você veio morrer no Brasil?...” - pergunta o pai. “Pai, você está com muito mau hálito!” – responde o filho. Este é um dos mais interessantes diálogos do filme, é duro e angustiante, mas também confirma a excelência dos dois atores e vale a pena ser lembrado.

Diante deste diálogo, o primeiro do filme entre pai e filho, Cacá Diegues já demonstra a acidez que existe na relação entre pai e filho – o que acaba provocando toda a narrativa do filme. E não é só isso. Logo nos primeiros minutos, as seguidas seqüências em primeiro plano transmitem a angustia pessoal de Antonio, que busca ao longo do filme, os instantes finais de sua vida. O que faz esses instantes serem únicos não é nem tanto a certeza de morte, mas a certeza de tudo que a personagem não viveu.

Wilker soube construir uma personagem que ao mesmo tempo se mostra arisca ao mundo, e isso é freqüente quando Cacá Diegues retorna a épocas distintas da vida de Antônio, de criança ao jovem que acaba de conquistar uma bolsa de estudos no mesmo dia do enterro de sua mãe.

Localizado, em sua maior parte, na Baixada Fluminense, o filme também pretende falar um pouco sobre a cidade do Rio de Janeiro e seus moradores. Com uma geografia urbana bem delimitada, Cacá Diegues (Deus é Brasileiro e Bye Bye Brasil) provoca na personagem de Wilker, a necessidade de deslocamento constante, sempre a procura de conhecer uma vida que não conheceu.

Sem linearidade temporal, no começo o filme pode até confundir o espectador menos atento, mas do meio pro fim, os saltos no tempo e no espaço começam a fazer sentido. Para isso, a fotografia de Lauro Escorel (Batismo de Sangue e Bye Bye Brasil) é fundamental, pois ela narra o estado de alma de Antônio e também marca diferença entre passado e presente.

Do escuro para o branco total. Este é o percurso que o filme traça na vida de Antônio. E assim como a fotografia, a música também é um elemento crucial na localização de época do personagem e aqui o diretor conta com a parceria de Chico Buarque, com quem tinha trabalhado pela última vez em Bye Bye Brasil (1980) e que é responsável pela melosa e bela música tema do filme.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Escutem o Invasor!



Ouvindo a trilha sonora do filme O Invasor, encontrei alguns versos do raper Sabotage - que participa, aliás, de um dos melhores diálogos do filme de Beto Brant. Em seus versos, e no diálogo entre Sabotage, Paulo Miklos e Alexandre Borges que se revelam as inversões de papéis, assim como nos versos do rapper paulista Sabotage.

"corre perigo
predador vacilou
presa fácil virou
corre perigo
invasor vacilou
presa fácil virou
sei que
que o que é certo
é certo
eu me preservo"



Apesar de não ouvir com frequencia esse tipo de música, mas trilha sonora do Invasor traz músicas não apenas de Sabotage, como também do Pavilhão 9, Instituto, Paulo Miklos, Blake Alien e por aí vai...Para quem acompanha o rapper brasileiro, o Invasor é uma boa pedida, pois além de ser um excelente filme - o segundo longa-metragem de Beto Brant, também tem uma ótima banda sonora.
Ouvir estas músicas em rádios comerciais já é difiícil, no cinema nacional é uma raridade! A trilha do Invasor, que já conquistou alguns prêsmios em festivais nacionais e internacionais de cinema . Com uma história urbana, de metrópole e tema até comum aos enredos cinematográficos, que é o desejo pelo poder e pelo dinheiro, as músicas reforçam o universo paralelo que se desenvolve durante o filme.
A atuação de PAulo MIklos também é memorável, e mais uma vez, lá vem Sabotage e a raper brasileiro moldando a atmosfera ardilosa e ao mesmo tempo esperançosa pois nos versos dos rapers, o grito - que de tão conhecido já virou rotina - de cidadania da periferia das grandes cidades...

terça-feira, 3 de julho de 2007

Multiplex, cineclubes, locadoras e meu sofá

Infelizmente nem sempre tenho tempo para acompanhar as programações dos cineclubes de João Pessoa. É uma pena, porque são nestes ambientes que a gente tem a oportunidade de assistir uma programção original, onde o cinema se apresenta não por cotas de tela, nem muito menos por estratégias de marketing. O que aparece, claro que respeitando cada perfil de cada cineclube, são experiências, renovações, consagrações e questionamentos da arte cinematográfica que vão além dos multiplex. Claro que no multiplez também pode passar filmes interessantes, mas confesso que sempre espero esses filmes interessantes saírem em DVD para assistir em casa.

Não, realmente não tenho o costumo de ir a um Multiplex, nem meus horários condizem com a programação coneclubista pessoense, mas em casa sim, eu reino com minha programação, que não precisa da algazarra adolescente, nem pegar um bus para atravessar a cidade e pagar caro, muito caro, para assistir aquele filme que me interessou. Acredito sim na importância do hábito de ir ao cinema. É algo social, de convivência, mas também de extravagância, pois infelizemente ainda não voltei a ser estudante e por isso, o preço é bem salgado para um hábito que é diário pra mim.

Não escrevo sobre os filmes que estão em cartaz, acho que pra eles os assíduos aos multiplex tem mais liberdade. Claro que nem um equipamente super avançado de som substitui aquele trovão do multiplex, ou multisalas, multi-filmes...é tudo mutio multi...os horários nem tão multi assim, e a diversidade então, vixe, essa é mínina. Então, eu particularmente, prefiro percorrer as locadoras das cidades para descobrir o que elas me oferecem de opções do que ficar limitada aos blockbusters que invadem pelos menos 14 entre 18 salas de cinema de João Pessoa.

O que está rolando de bom e que você não vê por aí...

Tintin Cineclube
Quarta, 4 de julho de 07: 19h30
NAC: Núcleo de Arte Contemporânea UFPB
Rua das Trincheiras, 275 – centro – João Pessoa, PB
[entrada franca]

Realização
ABD-PB: Ponto de cultura urbe audiovisual
NAC: UFPB


Selecta>> Savio Leite [Belo Horizonte: MG]
Animador e realizador da Mostra Múmia: Mostra udigrudi mundial de animação: www.mostramumia.com.br


Mirmidões [animação, 3' 15” , 2001]
Uma visão apocalíptica dos tempos atuais. Mostra um mundo povoado de pessoas estranhas lidando cada um a sua maneira com a perda da inocência. Referência aos mirmidões, os fiéis soldados de Aquiles na guerra de Tróia.
Marte [animação, 7' 50” , 2003]
o terrível deus da guerra e da violência nutre os pesadelos da sociedade do século XXI.
Plutão [animação, 3 min, 2004]
Plutão, um pouco receoso, sai do reino de Tártaro e vê a luz do sol. Mas a dificuldade está em voltar à atmosfera inferior. 2º lugar no Curta de Animação no Festival de Teresina 2004 e Melhor Animação no CineEsquemaNovo - Festival de Cinema de Porto Alegre 2006.
Aeroporto [animação, 4 min, 2005]
Somos iguais nos aeroportos. Sem asas, vamos voar.

Eu sou como o polvo [exp, 5 min, 2006]
documentário experimental sobre um dos maiores artistas brasileiros da atualidade: o quadrinista e romancista Lourenço Mutarelli. Menção Honrosa no Bienal Interamericana de Vídeo Arte 2006 no Amazonas Film Festival 2006.
Veja crítica: http://blog.kinoforum.org.br/2006/08/30/transubstanciando-se/


Mercúrio [animação, 5 min, 2007]
Mais uma batalha se trava na selvageria urbana.


www.abdpb.org.br

Rotoscopia Digital

Crítica do filme O Homem Duplo

Eu nunca li nada de Philip K. Dick, nem nunca me dediquei muito à literatura de ficção científica. Também não digo que a partir de agora Phlip K. Dick ou a própria FC substituam Oscar Wilde e Virginia Wolf em minha cabeceira. Mas posso dizer que curiosa fiquei depois que assisti O Homem Duplo, de Richard Linklater, baseado na obra deste escritor americano.

O filme é uma produção americana, com excelente e agonizante dupla atuação de Roberto Downey Jr. Uma trilha sonora assinada por Graham Reynolds, que é assim, improvável, cheia de humor, mas também de estremo bom gosto, pois consegue harmonizar-se com a “animação” da visão paranóica e psicodélica de Dick. A história é a seguinte: um policial disfarçado se infiltra em um grupo de “amigos” para descobrir quem entre eles é um grande traficante de drogas. Ops, drogas não. Uma droga em especial, a substância D (D de destruição, ou D de Dick ? ), ao final do filme encontramos a resposta.

Tenho uma queda irresistível por filmes de animação. Todo tipo, sem preconceito. Animação para criança como o Castelo Animado (Dir. Hayao Miyazaki, Japão, 2004), animação para adulto como As Bicicletas de Belleville (Dir. Sylvain Chomet, França, 2003), sem contar aquelas de ficção científica como Cowboy Bebop (Dir. Shinichirô Watanabe, Japão, 2001), ou ainda Heavy Metal – Um passo mais além da ficção (Dir. Ivan Reitman, EUA, 1981). Este último um clássico que tanto despertou a atenção dos leitores de ficção científica quanto dos fãs do rock metal dos anos de 1980.

Mas e O Homem Duplo? O Homem Duplo é sinistro, a realidade e a humanidade do Homem Duplo são sinistras. Os primeiros vinte minutos do filme são quase escatológicos, mas antes muito originais e surpreendentes. Já nos primeiros vinte minutos, mesmo para quem que nunca leu nada de Dick, como eu, ficará no mínimo curioso para não só ler algo como também descobrir quem é Philip K. Dick? Que universo é esse que está apresentado logo nas primeiras cenas do filme? Em que planeta vive um homem como Dick? O que mais ele escreveu?

Ah! Quase me esqueço, também estão no elenco Keanu Reeves, Wood Harrelson e Winona Ryder, mas Linklater tem uma carta na manga para facilitar a atuação deles: é a transformadora Rotoscopia Digital, ou seja, desenho cobrindo cenários e atores reais. Aliás, Linklater em 2001 já tinha feito uma experiência utilizando a tecnologia da rotoscopia digital no filme Waking Life que traz em seu elenco o diretor Steven Soderbergh (Traffic).