quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Fafá de Bélem In Concert
Entrevista publicada no Jornal A União, em 20/12/07
Por Calina Bispo
Nesta sexta-feira, 21 de dezembro, a Orquestra Sinfônica da Paraíba encerra seu programa de Concertos oficiais neste ano de 2007, com a participação de Fafá de Belém e do Coral Sinfônico. Nesta entrevista, Fafá de Bélem fala sobre a expectativa de acompanhar a OSPB em João Pessoa, e também relembra momentos importantes de sua carreira, afirmando que tudo o que fez está feito e ponto. “Não renego nada, não me arrependo de coisa alguma. Tudo o que fiz, gravei, participei ou o que seja, foi consciente”.
Não sei se essa é a primeira vez que você se apresenta acompanhada de uma orquestra e de um coral sinfônico. Então, sendo ou não, que expectativas você tem em relação a isso, e como essa experiência se apresenta na vida de uma interprete popular?
Por uma dessas incríveis coincidências, esse mês de dezembro foi o mês das Orquestras e Sinfônicas. Cantei no Rio de Janeiro, no dia 01 de dezembro. No dia 05 em Porto Alegre com a Sinfônica e Coral da PUC. No último dia 15 em Vitória, na praia de Cambori, com Orquestra, coral e o publico era de 20.000 pessoas. Agora, ainda com o velho e bom frio na barriga, chego a grande Sinfônica e Coral da Paraíba. Uma honra, uma grande alegria.
Como foi a escolha do repertório para esse Concerto?
Foi simples, foi feito com naturalidade, com os olhos voltados para esses 32 anos de carreira que, em parte, registrei no meu primeiro DVD, lançado esse ano – Fafá de Belém ao Vivo. É claro que tem músicas que remetem ao Natal, como Nossa Senhora e Ave Maria.
Você já cantou muitos estilos musicais, inclusive aqueles que os críticos mais exigentes classificam como menores, a exemplo do brega (presente em seu novo disco) e do sertanejo. Mas também gravou Chico Buarque e o Fado. O que você não cantou ainda e que pretende cantar?
Eu sou uma cantora que desconhece preconceito. Canto o que me emociona e o fato é que as tais músicas sertanejas ou menores, como você diz, estão até hoje no coração de muita gente. Quanto ao Chico Buarque, foi um trabalho maravilhoso e , aliás, um dos grandes sucessos da minha carreira é uma musica dele – SOB MEDIDA – que, aliás, está no repertório desse Concerto. Com relação ao futuro, só posso garantir que serei sempre refém da minha sinceridade, do sentimento que me passa a canção.
Duas interpretações suas ficaram para a história e marcaram sua carreira: O Hino Nacional e Ave Maria. Você os cantaria novamente? O Hino ainda seria cantado como grito patriótico e Ave Maria como fé ?
Claro. Não renego nada, não me arrependo de coisa alguma. Tudo o que fiz, gravei, participei ou o que seja, foi consciente. Ninguém me impôs que gravasse isso ou aquilo, não subi em nenhum palanque por motivo outro que não fosse a minha crença.
Roberto Santana. O que te diz?
Ele me descobriu no Pará. Realizou alguns dos meus melhores trabalhos. É um produtor de grande talento, conhece musica, sabe distinguir entre o efêmero e o que faz a história.
Em Estrela Radiante você coloca lado a lado o regional e o urbano da música brasileira. Você ainda busca isso?
Há dois anos fiz um CD, só com músicas de autores paraenses. Chama-se Canto das Águas e foi produzido por Roberto Santana, onde esse encontro estava presente. Aliás, essa é a historia da minha vida, é cantar o Brsail
Quem são os novos compositores brasileiros, para você?
Eu estou flertando com uma turma nova. Quem viver verá!!!
Mercado fonográfico brasileiro, disco anticomercial em Portugal. Me fala sobre isso.
O mercado fonográfico brasileiro acompanha o que acontece no mundo. A indústria está tentando encontrar um caminho e se entender com os novos tempos. Nos últimos cinco anos muita coisa mudou. O Artista precisa ter a sua própria estrutura para seguir em frente e, vou lhe dizer, parecia tão mais complicado do que é. Eu tenho uma historia de vida e muita vida ainda para viver e contar.
Os selos próprios representam uma tendência inevitável no mercado? O que muda, quando você passa a ter seu próprio selo?
Nos dias de hoje, nada!
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Um novo teatro surge na Universidade Federal da Paraíba
Tensão é reforçada por elementos trágicos
É incomodo ver como os atores foram levados ä exaustão. Uma exaustão mental e física que faz com que a platéia também fique em suspense. Essa é a primeira sensação que se tem a cada novo instante. Elementos como um bebê e uma deficiente física, servem para reforçar esse sentimento.
domingo, 16 de dezembro de 2007
Um curto filme em nome de um grande cinema
Para quem acompanha de perto todo o trabalho de Torquato Joel que dirigiu Transubstancial, Gravidade está mais para O Verme na Alma do que para Passadouro. O que significa isso? Significa que, assim como Verme na Alma, Gravidade, pelo menos a primeira vista, não oferece uma narrativa convencional, que tem começo, meio e fim, mas sim a introspecção humana como estado do ser.
Com direção de fotografia de Walter Carvalho e música original de Eli-Eri Moura e Didir Guigue, Gravidade praticamente não apresenta recursos cinematográficos sofisticados. Imagem e som tampouco dialogam entre si, mas isso em nada torna este filme menor do que os outros assinados por Joel.
Consciente do que pretendeu, Torquato confiou aos artistas do som e da imagem, toda a carga de significações que uma segunda exibição acompanhada de debate, pode vir a surgir.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
TESTE DE ATORES
Estão abertas as inscrições para a seleção de atores coadjuvantes e figurantes para o filme ficcional de curta-metragem ÁGUA BARRENTA, SOB A DIREÇÃO DE TIAGO PENNA. A produção do filme irá selecionar cerca de 120 pessoas, entre crianças, jovens e adultos. As inscrições devem ser feitas entre os dias 5 e 7 de dezembro, das 10h às 14h e das 15h às 19h, na sede da Associação Brasileira de Documentaristas – Seção PB, localizada no Cine Teatro Lima Penante. O filme tem patrocínio do Fundo de Incentivo à Cultura Lei Augusto dos Anjos. Os interessados devem levar duas fotos 3 x 4 e autorização dos pais ou responsáveis (para quem for menor de idade).
Sinopse do filme:
Um grupo de meninos de rua desperta no meio de uma praça fazendo uso da droga mais usual utilizada por eles: a cola de sapateiro. A criança mais nova – de apenas 6 anos –, ao dar os primeiros tragos, mostra-se entristecida e passa a chorar. Questionada pela razão do choro, confessa que aquele dia é o seu aniversário, e que está triste por nunca ter tomado Coca-Cola. A partir de então o grupo de amigos parte, pelas ruas da cidade, determinado a concretizar o sonho do – assim chamado por eles –, "menor". Em meio a conflitos e atribulações nas ruas do centro urbano, as crianças prosseguem sua jornada até um desfecho surpreendente, que pretende gerar um questionamento por parte do espectador acerca desta realidade da sociedade de consumo, e dos nossos desejos subliminares gerados por tal sociedade.
Informações sobre o teste pelo telefone (83) 3221 8450.
Agendamento de entrevistas para imprensa pelo telefone (83) 8857 0622.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Pela simplicidade das estações de Pessoa...
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Fragmentos de uma tragédia familiar...
no momento em que enterrei a faca na garganta de minha mãe!
ELECTRA
E eu tem impeli...e fiz força sobre a faca, também...
ORESTES
Oh! Eu cometi a mais abominável das ações! Vai...cobre o corpo de nossa mãe com o seu próprio manto...Fecha suas feridas...Tu deste a vida a teus assassinos, pobre mãe!
ELECTRA
Eis-te coberta! Tu, a quem ao mesmo tempo amávamos e detestávamos, tu,
causadora das tremendas desgraças de nossa família, eis-te coberta com o teu manto!
O CORO
Vede que, por sobre as casas, surgem espítiros malfazejos, ou deuses imortais,
visto que semelhante caminho não é acessível a seres humanos.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
[ ]
ou vão para pensamentos?
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
O Cordel do Mito das Cavernas...
Não existe uma só arma
Transformada em panacéias,
Quer seja bombas, canhões
Presentes nas epopéias,
Que, de eficácia melhor,
Cause um efeito maior
Do que a força das idéias.
Aliás, da força bruta,
Napoleão, sem balela,
Refletindo em lucidez
Suas ações de chancela
Disse que, com sua espada,
Pôde fazer coisa ousada
Menos sentar sobre ela.
Pelo “O Mito da Caverna”
De Platão, sua alegoria,
Um dos bons ensinamentos
Que trata a filosofia,
Em termo mais popular
Eu tentei aproveitar
Melhor sua sabedoria.
Na leitura se pressente
Um lirismo interessante,
Mas, o leitor adentrando
Ao que parece importante,
Verá que o cordel se assenta
Sobre a base turbulenta
Da idéia dominante.
O MITO
DA
CAVERNA
Medeiros Braga
“Estamos em uma caverna
Onde reina a enganação,
Muito pior que aquela
Que é citada por Platão.”
É “O MITO DA CAVERNA”
Considerado hoje em dia
Por estudiosos, filósofos
E os artesãos da poesia
Como sendo, edificante,
A metáfora mais brilhante
De toda filosofia.
O diálogo põe entraves
Que se dá pra perceber
A mudança imprescindível
Que sempre pode ocorrer,
E mostra, sem verborréia,
O poder que tem a idéia
E a importância do saber.
Pois, “O MITO DA CAVERNA”
Para muitas gerações
Há dois milênios e meio
Vem produzindo lições...
Seu saber é tão fecundo
Que ainda hoje no mundo
Semeia reflexões.
Por isso, que iço as velas
Do verso em navegação
Pelo oceano de “O MITO
DA CAVERNA” de Platão,
Com homens acorrentados
Ao pescoço, atrás e lados
Sem saber e sem razão.
O clarão de uma fogueira
Projetava imensa luz
E ao pegar todos às costas,
Com seu martírio sem cruz,
Reproduzia nos topos,
A imagem dos seus corpos
E dela a idéia que induz.
Para dar mais movimento
E visão de verdadeira,
Passavam, também, pessoas
Entre a parede e a fogueira
Levando, sem camisetas,
Na cabeça, estatuetas
Feitas de pedra e madeira.
Se passavam conversando
Eles tinham a sensação
De que as vozes que ouviam
Eram das sombras e, então,
Ficavam a se distraír,
Sem tempo de refletir
Sobre a própria escravidão.
As gravuras produzidas
Por vias artesanais,
Tornando com perfeição
As sombras quase reais,
Produziam dos caminhos
Figuras de passarinhos,
De pessoas e animais.
Tais imagens na parede
Eram só o que eles viam,
O que passava ao redor
De tudo desconheciam.
Nesse ambiente perverso
As idéias de universo
Nas sombras se resumiam.
Conceitos de liberdade,
De igualdade, paz, amor,
De direitos de expressão,
De inversão de valor...
Eles não tinham noção,
Constituindo-se a razão
Num fato complicador.
Desconheciam a beleza
Que a natureza criou,
A paisagem exuberante
Exibindo o seu verdor,
Do nascer da alvorada
Do cantar da passarada
E a dança do beija-flor.
Mas, um dia espetacular
De uma manhã clara e terna
Interrompia-se o curso
Daquela “verdade eterna”
Onde o mundo que existia
Era de sombra que havia
Lá por dentro da caverna.
É que um desses escravos,
De forma surpreendente,
Se sentiu livre dos elos
Que lhe prendiam a corrente,
E tratou com brevidade
De matar a curiosidade
De tudo que havia à frente.
Liberto já, de início
Encandeou-lhe a clareira,
Porém, aos pouco foi ele
Se curando da cegueira,
E olhando o muro estampado
Viu que era projetado
Pelo claro da fogueira.
Recuperada a visão
E vendo a realidade
Descobriu caverna afora
Uma outra claridade
Indo em sua direção
Pra matar, pela lição,
Sua curiosidade.
E seguindo os raios solares
Viu-se, então, no exterior
Da caverna em que vivia,
Surpreso com tanta cor...
E, também, encandeado
Foi ficando deslumbrado
Com o que havia ao redor.
Viu os bandos de animais
Pastando pela campina,
Girafa, zebra, elefante,
Toda fauna peregrina...
Ouviu o cantar do galo,
O relinchar do cavalo
E a passarada divina.
Viu o céu com belas nuvens
Lá expostas no infinito,
Viu florestas, viu jardins
Cada qual o mais bonito,
E ouviu, horas inteiras,
O roncar das cachoeiras
A banhar rocha e granito.
À noite nem descansou,
Não quis, sequer, cochilar,
Estava emocionado
Com as belezas do luar...
Viu banhada a barra em frente
Pelo sol que do nascente
Vinha a terra clarear.
Sempre, durante as noites,
Fazia uma reflexão
Sobre os sobreviventes
Da cruel escravidão;
Do tormento pelo esforço
De deixar livre o pescoço
Da corrente e do grilhão.
A essa altura, o escravo
Conhecendo tanto evento
Se sentia já mudado,
Com outro comportamento
Que se dava em sua vida
De cada idéia nascida
Em cada descobrimento.
Decorridos vários meses,
Conhecendo em profusão
O mundo real, diverso
Do mundo da projeção,
Resolveu, pois, retornar
À caverna e relatar
A grande revolução.
E voltando pra o convívio
Da mísera escravatura
Relatou aos companheiros
Da sua grande aventura
E falou com seriedade
Do clima de liberdade
Que lá por fora perdura.
Discorreu sobre a floresta
E o bando de passarinhos
Voando livres nos céus,
Dormindo à noite nos ninhos.
Falou do clima de paz
Em que viviam animais
Pastando pelos caminhos.
Falou também do ar puro
Que completa a natureza,
Da paisagem deslumbrante
Esnobando a sua beleza,
E da grande perspectiva
Daquela gente cativa
Viver com honra e grandeza.
Discorreu do enorme espaço
Geográfico existente,
Da variedade de fruta
Saborosa e suficiente,
De uma dormida sadia...
De tudo, enfim, que existia
Pra viver dignamente.
Ao concluir seu relato
Ele se surpreendeu
Com a risada maldosa
E o vil deboche de ateu
E com a afirmação errada
De que ele na caminhada,
Com certeza, enlouqueceu.
Você tá louco, disseram,
Só existe um mundo real
Que é este em que vivemos
Podendo não ser o ideal,
Mas esse que, sem mudança,
Vivemos desde de criança
Até o instante fatal.
Eram, pois, esses escravos
Bastante conservadores,
Resistentes às mudanças,
No que pese as suas dores,
E o outro mundo de idéias
Era, tão-só, panacéias
Próprias dos sonhadores.
A resistência às mudanças
Sempre traz no bojo atrito,
Por egoísmo ou ignorância
Tudo gira em torno ao mito.
Por isso, os escravos lá
Não quiseram acreditar,
Nem pensar no que foi dito.
Para eles era a caverna
O mundo único, visível,
Enquanto no outro não viam
Um sinal de inteligível.
E assim, sem prova à mão,
Toda verdade e razão
Fugiam ao mundo factível.
No entanto o relator
Terminou compreendendo
Como a mudança é difícil
Para quem não está vendo;
Que só o conhecimento
Pessoal, com fundamento,
Pode acabar convencendo.
Para Platão a mudança
Não deixa de ser um ofício
Doloroso a quem não vê
Que vive desse artifício;
Para ele a importância
De romper com a ignorância
Requer muito sacrifício.
Esses escravos viviam
Sob o peso da corrente,
Porém, o que mais pesava
Não era o grilhão somente,
Contra eles, o horrível
Era a cadeia invisível
Que bloqueava sua mente.
Por isso que a “boa-nova”
Não receberam a contento,
Ao contrário, refutaram
No seu modo truculento,
Comprovando, curioso,
Que é sempre doloroso
Chegar ao conhecimento.
Ao libertar um escravo
Seu pescoço doeria,
Ao olhar o sol, direto,
Ele se encandearia,
De tal forma que, sem ânsia,
Movido na ignorância
Ao refúgio voltaria.
Há também muitas cavernas
Nesse país espalhadas,
Contando com fortes mitos
Que mantêm práticas erradas.
Uma, sem contestação,
São os meios de comunicação
Que nos põem de mãos atadas.
Qual diferença que há
Do escravo da caverna
Pra gente civilizada
Que se sentindo moderna
Se senta à televisão
Sem esboçar uma ação
Contra a injustiça, a eterna...
Os meios de comunicação
Truculentos, abundantes,
Com as suas estratégias
E cenas alienantes,
Hoje são, pelo seu porte,
O instrumento mais forte
Das elites dominantes.
Muitas pessoas estão,
Igualmente, condenadas
A ver sombras e aceitar
Como verdades sagradas,
Só depois de sofrimento,
Com muito convencimento,
Se dão as mãos às palmadas.
Os meios de comunicação,
Essa caverna ardilosa,
Põe bitola na cabeça,
Traz a mensagem enganosa
E bloqueia a recepção
De toda idéia e visão
Pela massa populosa.
Como as sombras da caverna
São as suas informações
Maliciosas que formam
As mais várias opniões.
Valendo por mil discursos
Requer de líderes em curso
Muita estratégia e ações.
Como a luz que é usada
Pra enganar o ignorante,
A grande imprensa trabalha
Pra construir, triunfante,
Um falso herói de epopéias,
Massificando as idéias
De uma classe dominante.
Estamos em uma caverna
Em que reina a exploração,
Muito pior que aquela
Que é citada por Platão.
Moderna, sofisticada,
Abafa qualquer parada
Com as patas da informação.
Hoje, se algum radical
Conseguir refugiar-se,
Retornar de idéias novas
Pra na luta realizar-se,
Terá, pra surpresa imensa,
A ingrata recompensa
Da rejeição de sua classe.
Enquanto predominarem
Tais idéias dominantes
Haverá sempre caverna
Com escravos alienantes.
Haverão, sim, panacéias
Pra rejeição de idéias
Das massas ignorantes.
No entanto, a real mudança
É um continuado processo,
Está sempre em evolução
Pelas mentes do universo.
Pode até custar mil anos
Mas, estes virão ufanos
Consolidando o sucesso.
E não é muito demorado
Para um planeta emergente.
O que é, pois, um milênio
Para quem terá na frente
Muitos milhões e bilhões
De anos, com os tecelões
Na mudança permanente!?
Os séculos parecem longos
Para nós seres humanos,
Mas, para o ser planetário
Que o tempo faz veterano
São como apressados passos
Vencendo todos percalços,
Efetivando seus planos.
Um dia, todas cavernas
Haverão de sucumbir,
Um estágio de igualdade,
Inevitável, há de vir...
Indo, eterno, a humanidade
Soerguer, com liberdade,
A bandeira do porvir!
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
E aí, o vinil está de volta, ou nunca foi embora!?
Artigo de colecionador e utilizado, principalmente, por DJs de música eletrônica e DJs do movimento Hip Hop, o vinil atualmente é produzido apenas em uma única fábrica (Poly Som) em toda a América Latina, localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, no bairro de Belford Roxo.
A beira da falência, a Poly Som abriga, além dos equipamentos, o saber artístico e artesanal que envolve todo o processo de prensagem sonora que vem sendo feita há mais de 40 anos. De olho nesse patrimônio é que o Ministério da Cultura deu início juntamente com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ao processo de registro de Patrimônio Cultural Imaterial da fábrica Poly Som.
Primeiro o Ministério da Cultura sugeriu ao IPHAN, como informa Álvaro Malaguti, da Secretaria de Políticas Culturais do MINC, o registro da fábrica no Patrimônio Imaterial. Junto com isso, o Mistério está tentando desenvolver uma estratégia de ativação da demanda para a fábrica.
Segundo Malaguti, a fábrica está com muitas dívidas, e tem-se a possibilidade de ativar a demanda de produção de vinil para a fábrica. Espera-se que estas encomendas gerem o capital mínimo para serem pagas as dívidas. “Para isso estamos conversando com artistas e selos de todo o Brasil para que estas pessoas prensem seus trabalhos em vinil e que assim a fábrica possa continuar funcionando. O MINC também vai encomendar uma série de conteúdos para distribuição entre DJs e o movimento Hip Hop”.
Enquanto mídia sonora, para o Ministério da Cultura, o vinil é um produto que também pode contribuir significativamente para a difusão da música brasileira pelo mundo afora. Como o mundo afora é bastante expansivo e o Brasil adentro não produz essa mídia com tanta freqüência.
“O registro de patrimônio imaterial não está relacionado ao prédio e aos equipamentos, mas sim ao saber fazer que tem nas pessoas que trabalham na fábrica a mais de 40 anos”, enfatiza Malaguti, que ao ser perguntado sobre a razão dessa iniciativa, afirma que “o Ministério está motivado pelo entendimento de que o vinil ainda é um suporte muito importante para diversas experiências estéticas de vários segmentos musicais como o tecno, eletro e drum base. Estes são todos segmentos da música que usam o vinil, e, claro, fundamentalmente o rap usa o vinil”.
“O próprio movimento rap já chamava atenção para isso. Então, garantir que a música brasileira também seja distribuída, pelo menos minimamente, em vinil, contribui para a circulação dela pelo mundo. Ou seja, prensar música brasileira em vinil contribui para que ela seja utilizada pelos DJs no mundo afora em seus trabalhos nas pistas de dança, que é um trabalho fundamentalmente de colagem, de mixagem e de apropriação. Esse é o segundo motivo que leva o Ministério a ter uma preocupação com a cultura e produção do vinil”, observa.
Sobre o vinil
Primeiro Thomas Edison em agosto de 1877 gravou “Mary Had a Little Lamb” em sulcos sobre cilindro de cera. De lá, pulamos para 1957, ano em foi gravado o primeiro vinil brasileiro em estéreo. Era “Isto é som estereofônico”, que tinha o comediante Oscarito cantando marchinhas de carnaval.
Sobre o Patrimônio Cultural Imaterial – segundo a Unesco
Poesia na música, música na poesia?! fragmentos III
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Música na poesia, ou poesia na música?! Fragmentos II
Sonhei ter sonha
Que havia sonhado
[...]
Que estava sonhando.
[...]
Estar em você
Estar? ter estado,
Que é tempo passado.
[...]
Um dia sonhei.
[...]
Manuel Bandeira.
Música na poesia, ou poesia na música?! - Fragmentos I
Os aguapés dos aguaçais
Nos igapós dos jupurás
Bolem, bolem, bolem.
Chama o Saci: Si, si, si, si!
- Ui, ui, ui, ui, ui! viva a Iara
[...]
A mameluca é uma maluca.
Saiu sozinha da maloca -
[...]
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Aos conterraneos de Herbert Viana, um sinto muito...
Pois é! Aos poucos privilegiados já podem se preparar para o terceiro reencontro dos Paralamas do Sucesso e dos Titãs, que já dividiram o palco em 1992 e em 1999. Notícias em blogs, sites especializados e boletins on line já movimentam e despertam a ansiedade dos fãs das bandas.
Aos conterrâneos de Herbert Viana fica apenas um sinto muito, pois a turnê, prevista para começar no dia 27 de outubro no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte, passará apenas por Salvador no Nordeste. Os soteropolitanos poderão prestigiar esse momento, que tem tudo para se tornar antológico, na Concha Acústica no dia 11 de novembro. Da Bahia, a turnê 25 Anos Rock segue para São Paulo, onde faz show no dia 24.
Os oitos músicos que integram as duas bandas, como divulga o jornalista carioca Mauro Ferreira em seu blog, “vão se misturar - em diferentes configurações - para trocar figurinhas. Herbert Vianna vai cantar Flores, dos Titãs. Já Paulo Miklos interpretará Óculos, um dos hits iniciais dos Paralamas”.
A turnê também passará pela capital carioca em 19 de Janeiro, onde serão gravados ao vivo CD e DVD, previstos para serem lançados em 2008 – caso os desbravadores da web não lancem primeiro. Também estão previstas participações de alguns convidados em cada uma dessas cidades.
Confirmados estão Marcelo Camelo em Salvador e São Paulo, Arnaldo Antunes em Belo Horizonte e em São Paulo, Carlinhos Brown em Salvador, Dado Villa-Lobos em Belo Horizonte e Andreas Kisser em São Paulo. Este último esteve em João Pessoa recentemente na abertura do projeto Oi Blues By Night, no Espaço Cultural, onde fez uma excelente participação ao lado do gaitista Vasco Faé.
Para quem não terá oportunidade de assistir a este show ao vivo, e acredita que o preço do CD e DVD deve ser um pouco oneroso para os orçamentos em tempos de MP3, há uma esperança jurídica e tributária que pode vir a se tornar realidade e mudar sensivelmente a relação financeira consumidor-mercado fonográfico.
É que tramita na Câmara dos Deputados uma proposta de emenda à Constituição (PEC), de autoria do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ). A PEC dos Músicos (como está conhecida a emenda e que é semelhante a que foi concedida aos livros) concede imunidade tributária a fonogramas e videofonogramas (CDs, DVDs e outras formas de expressão musical) de artistas brasileiros. Devemos levar em consideração que atualmente os gastos com tributos fiscais chegam em torno de 40% do valor total dos CDs e DVDs comercializados no mercado formal.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Após uma boa leitura, o começo, o fim e o que há entre eles...
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
versos que copiamos do email e não sabemos de quem são...
Que mulher nunca teve
Um sutiã meio furado,
Um primo meio tarado,
Ou um amigo meio viado?
Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir,
Um porre de cair
Ou um lexotan para dormir?
Que mulher nunca sonhou
Com a sogra morta,estendida,
Em ser muito feliz na vida
Ou com uma lipo na barriga?
Que mulher nunca pensou
Em dar fim numa panela,
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela?
Que mulher nunca penou
Para ter a perna depilada,
Para aturar uma empregada
Ou para trabalhar menstruada?
Que mulher nunca comeu
Uma caixa de Bis,por ansiedade,
Uma alface,no almoço,por vaidade
Ou,um canalha por saudade?????
Que mulher nunca apertou
O pé no sapato para caber,
A barriga para emagrecer
Ou um ursinho para não enlouquecer?
Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone,
Que não pensa em silicone
Ou que 'dele' não lembra nem o nome?!!!!!!!!
terça-feira, 9 de outubro de 2007
"Quanto mais choro, mais passo batom"
da paleta dos jambeiros
sai o fúcsia que
pinta & borda
as calçadas dos setembros
Seus versos me encantaram não porque eu saiba de algo de poesia, mas pelo contrário, por não saber nada, por compreender pouco a matemtática da arte que Sartre defende para que não seja engajada, mas apenas arte, é que me encanto com a beleza dos sentimentos de Vitória. Lindos...por enquanto é o que sinto...
saias
arrebanham
ventos & tempestades,
mumúrios, marulhos
nunca d'antes escutados.
saias
trazem
o colorido revolto
dos mares incessantes,
insensíveis
insensatos.
areias, algas, sargaços,
algas, falésias
em constante dissolução.
saias
arrastam
atrás de si
amores, saudades &
tangem
para casa
memórias
com gosto
de sal, mel,
chuva,
com gosto de
nunca mais...
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
A Ro Ro é absurda!, e com uma orquestra inteira, fica linda demais...
A abertura oficial do Concerto foi feita pelo Presidente da Fundação Espaço Cultural da Paraíba, Antônio Alcântara, que fez questão de frisar ser esta uma atividade que se pretende ser freqüente no Espaço Cultural , a partir de então. “Nosso objetivo é que em dezembro possamos realizar mais uma encontro como esse. Já estamos estudando alguns nomes e vendo todas as possibilidades”.
Com músicas inesquecíveis – a citar Amor Meu Grande Amor, Tola foi Você, Fogueira e Fica Comigo esta Noite, além da nova Compasso, a Orquestra Sinfônica da Paraíba iniciou o concerto desta quinta-feira tocando o Bolero de Ravel sob a regência do maestro Luiz Carlos Durier. Em seguida, a Orquestra recebeu como convidada, a polêmica Angela Ro Ro, que em pretinho básico e magérrima, mostrou sua capacidade de interpretação e emocionou o público em diversos momentos do concerto.
O público agradece a esta oportunidade de ver a Praça do Povo ocupada por tão importante equipamento cultural como o é a Orquestra Sinfônica adulta. Vale citar que enquanto a orquestra profissional se apresentava no Espaço Cultural, acompanhada de Ro Ro,
O crédito da foto é de Marcus Russo, fotográfo do Jornal A União, que getilmente liberou a imagem.
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Sem excessos nem desperdícios...
Os elementos em cena não exageram em nada a atmosfera do texto do russo Nicolai Gogol. Estes, em alguns momentos lúdicos e funcionais, elementos cenográficos apenas reforçam de forma coerente a loucura de um personagem através da atuação de André Morais. São momentos impressionantes para quem está acostumado a espetáculos de teatro em que a cenografia chama tanta atenção, e é tão mal aproveitada, quando não desnecessária que não nos é permitido pensar tanto no texto.
A peça, que esteve em cartaz – a convite da vice-presidência da Funesc - no último final de semana no Teatro Paulo Pontes, do Espaço Cultural, é uma adaptação de um clássico da literatura russa do século XIX. O texto fala de um funcionário público medíocre e humilhado pelo sistema que se apaixona pela filha do chefe.
Em busca de compreender um universo onde lhe são impossíveis seus desejos e sonhos, o personagem, que permanece anônimo durante todo o tempo narrativo, acaba enlouquecendo, indo parar em um manicômio. Então, vê-se aí, a loucura do próprio autor, que passa a ter o cheiro do suor do ator em cena, que neste monólogo, se aproxima tanto da platéia que a ela, é cabível até o sentimento de pena.
A simplicidade e funcionalidade do cenário, aliadas à trilha sonora original do grupo COMPOMOS, fazem com que Diário de um Louco seja um dos momentos mais saudáveis do teatro paraibano. Vê-se um refinamento poético e teatral, onde o texto original foi arrancado de dentro de André, em excelente interpretação. A exaustão do ator em cena revela a exaustão de um louco, que sem adjetivos, apenas questiona o seu meio, sua política e o estatus quo de sua época.
Não sendo uma loucura agressiva ou figurativa, a loucura em cena desperta antes um sentimento de complascência, principalmente quando se vê em André Morais a entidade do funcionário que tem seu estado de ânimo nivelados por uma iluminação que se torna anelante quando Sophie aparece, e escurece, se tornando tão negra quanto a depressão do Gogol quando se vê pelos olhos dos outros!
O bom mesmo foi o quarteto
Apesar da antipatia do guitarrista e vocalista Greg Wilson com o público paraibano, a quem ele não se deu ao trabalho nem de desejar boa noite, a segunda edição do Projeto Oi Blues By Night só confirmou a receptividade do público ao projeto, que promoveu, nesta quinta-feira (27) o encontro do vocalista do Blues Etílicos com o trio Blues Power.
Mas a grande sensação da noite foi de longe a performance do quarteto paraibano Stephan Thomas & Necta Groove. Essa turma mostrou que está à mercê da boa música, onde o inesquecível tema de 2001 – Uma Odisséia no Espaço foi o ponto de partida para a melhor apresentação da noite. Vale ainda citar a versão de Terra, música autoral do grupo Chico Correa & Eletronic Band.
Com um repertório impecável, e espaço, inclusive, para retomar elementos da cultura popular através de pandeiro e caixa pelo baterista Victor Ramalho – em excelente forma! - o quarteto é formado também por Stephan Thomas no sax, Orlando Freitas no baixo e Peter Büler na percussão e efeitos sonoros.
Não é difícil de imaginar essa relação deles com a imagem, tendo em vista que todos eles integram o Chico Correa & Eletronic Band, que há muito investe no imagético através do diálogo visual e cinematográfico do cineasta e VJ Carlos Dowling, sempre resgatando a linguagem cinematográfica e sua história.
O trio carioca Blues Power também mexeu com o público, principalmente quando tocou Secos e Molhados. Este foi um dos melhores momentos da apresentação. Que o Greg Wilson é um excelente guitarrista, isso ele mostrou muito bem, mas também se revelou um músico frio que não interage com uma platéia, que foi convidada a ficar tão próxima com as perfomances do quarteto paraibano e com a própria Blues Power.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
"A música independente é underground por natureza..."
Calina Bispo: O que é o PB Rock?
Jesuino: É uma lista de discussão, que reúne músicos, produtores, jornalistas e demais interessados para divulgar e promover a cena local, que existe desde o começo de 2006. Atualmente já temos cerca de 80 pessoas participando da lista.
Calina Bispo: Quanto à coletânea, como está sendo formada?
Jesuino: São abordados temas de interesse comum. Os que participam da lista foram os primeiros convocados, claro que primando pela qualidade artística e de produção musical. Criamos a lista PB Rock (paraiba rock) com o intuito de congregarmos um tanto da cena local, com isso também promovendo algumas idéias. No começo queríamos fazer uma coletânea no formato tradicional, quer dizer, gravação padrão em estúdio e prensagem de 1000 copias em cd. Até tentamos um projeto na Lei Municipal de Incentivo a Cultura, mas não fomos aprovados. Então dei a idéia de fazermos uma coletânea virtual, pois o objetivo é mostrar a cena musical local para o maior número de pessoas possíveis e aí conseguimos mostrar nossa proposta para uma empresa local de tecnologia que vai dar todo apoio.
Calina Bispo: E como estão os encaminhamentos para o lançamento da coletânea?
Jesuino: Está faltando o acabamento final do site. Serão 19 bandas em diversos estilos, com uma faixa para cada banda download em mp3 para as músicas e download para capa do disco. Teremos ainda agenda e informações sobre as bandas com imagem, links, etc. Ainda ressalto que esse tipo de produção com esse objetivo partindo de um grupo de discussão será inédito em todo país, o que pode dar margem para fazer outra coletânea no mesmo formato, com outras bandas.
Jesuino: Bom, já coloca João Pessoa e a Paraíba no circuito nacional dos festivais. Fomenta intercambio entre os músicos, bandas e os produtores.O público tem a chance de conhecer e ver novas bandas tocando com equipamentos de qualidade e com boa mídia. Nossa cidade hoje tem uma leva enorme de bandas nos mais variados estilos. Na impressa, por exemplo, não temos um espaço definido para falar, mostrar nossa cena...
Calina Bispo: Você acompanhou as duas últimas edições do Festival Mundo e do Aumenta que é rock. Há alguma diferença marcante entre eles?
Jesuino: Não há diferença alguma. É bom ressaltar que são eventos independentes sem patrocínios fortes, com verbas limitadas. Mas que são os melhores expositores da atual música pop local e nacional. Basta verificar a quantidade de bandas/artistas que estão na programação do Festival Mundo. Hoje com a crise na indústria fonográfica, devido ao avanço e popularidade da tecnologia, os festivais no país tornaram-se referencias para o que é ditado na atual cena musical.
Calina Bispo: Mas em João pessoa, onde a cena local também não tem espaço de difusão através das rádios, você acredita que festivais com propostas semelhantes acabam não contribuindo muito para divulgação das bandas pós-eventos?
Jesuino: Essa é uma discussão interessante.
Calina Bispo: Não seria o caso de se pensar em uma atitude desse segmento - quer dizer, os produtores desses eventos não deveriam sentar e avaliar as reais necessidades de toda a cadeia?
Jesuino: Exatamente. É necessário cumplicidade de todos os setores. Temos boas bandas e artistas, mas que não tocam nas rádios e não aparecem na tv e pouco aparecem nos jornais...
Calina Bispo: Será que a institucionalização, como aconteceu com o Abril Pró-Rock de Paulo André, desses festivais não é um caminho para mudar esse quadro?
Jesuino: Os festivais, claro, vão sempre precisar de dinheiro, principalmente das entidades públicas. Sem isso nada de substancial irá acontecer, a música fica subterrânea e obscura, mas é a característica da independência, sem cumplicidade movimentada por todos os setores, como falei, nunca irá se expandir. As músicas têm que tocar nas rádios, sair em tv, surgir novos eventos, conquistar mais espaços de apresentação.
Calina Bispo: Mas a música independente tem que ser obscura e subterrânea porque? Não cabe aos produtores desses festivais independentes, também lançar à luz, novos músicos, bandas e experiências?
Jesuino: A música independente é underground por natureza. Temos belos exemplos como o inicio de carreia de bandas como Raimundos, Planet Hemp, Skank, tiveram um começo ralando nos shows, festivais e turnês independentes, até serem descobertos pelas grandes gravadoras. Só que hoje temos uma outra verdade. Um músico local definiu anos atrás o que significa esse movimento, digamos assim. Disse ele que o que é independente hoje será mainstream amanhã.
Calina Bispo: O que você destaca do cenário paraibano atual?
Jesuíno: Temos algumas das bandas e artistas mais talentosos da região e até do país como Cabruêra, Chico Correa, Star 61, Escurinho, Dead Nomads, além de uma nova leva interessante de bons grupos. A renovação é constante. Agora com a Internet o modelo de divulgação e promoção é grandioso e caótico. Na verdade temos que saber do modelo existente no passado comparado a uma nova verdade de mercado.
Calina Bispo: Esse pessoal que você citou, com exceção do Dead Nomads, forma um grupo amadurecido da música pessoense, pois já tem caráter de exportação (Cabruêra e Chico Corrêa são exemplos disso), e Star 61, todos contemplados em projetos musicas ou em leis de incentivo...
Jesuino: Sim, não há sustentação financeira para esses artistas aqui em nosso Estado. For depender de shows e vendas de discos... mas esse problema é em todo país... além disso os citados mostram acentuada qualidade musical, é justo pleitearem incentivos das leis adequadas. Acho q o estado deveria participar mais com políticas apropriadas, duradouras e menos burocráticas...
Calina Bispo: O que falta a grupos como Dead Nomads, por exemplo, que está na estrada a pelo menos uma década, tem público de gerações diferentes, mas que não exporta nem está nesse circuito de incentivos?
Jesuino: Primeiro que a sonoridade da banda não tem apelo para comprar com esse modelo de exportação. Segundo, é preciso tocar nas rádios para atingir um maior publico. Terceiro, é sobre essa política das instituições públicas que precisam abranger a maior quantidade de artistas possíveis, claro incluindo maiores valores nos incentivos.
Calina Bispo: Não faltam atitude e articulação entre músicos e produtores? Ou ser contemplado e ser inserido nesse cenário privilegiado pode significar sinônimo de dependência?
Jesuino: Sim, pode ser, é um lance de muita independência para pouca autonomia... é uma seqüência natural: tenho uma boa música, preciso mostrar meu som nos palcos, nas rádios, nas tvs, nos jornais. Preciso ter dinheiro para gravar um disco, preciso de incentivos fiscais, etc. Sem um pensamento comum, fica tudo meio a deriva, valendo pela sorte do destino.
Calina Bispo: Que Festivais você destaca em João Pessoa?
Jesuino: De interessante o Aumenta Que é Rock, que trouxe nomes significantes de vários Estados: por exemplo Cascadura, Jason, Honkers, Lucy and The Popsonics, etc. Por sinal foi um evento de muita coragem pra fazer isso. Agora o Festival Mundo segue a mesma trilha e ainda acrescenta discussões e outras artes. Mas você pode encontrar outros eventos com o Rock 4X4 no Bairro dos Funcionários que teve outras edições...
Calina Bispo: Quanto as entidades representativas, onde elas estão e o que estão fazendo (Ordem dos Músicos e Associação dos Músicos)?
Jesuino: Há um defeito muito grande em tudo isso, os próprios artistas não se mobilizam com propriedade. A entidade virou um cabide de emprego e regalias. As entidades não fazem nada de extraordinário e importante.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
FESTIVAL MUNDO 2007 - João Pessoa (PB)
FESTIVAL MUNDO 2007 - João Pessoa (PB)
www.festivalmundo.com
Local: CONVENTINHO – CENTRO HISTÓRICO (veja o mapa no site)
Data: 14 e 15 de Setembro
ENTRADA: R$8
ANTECIPADO: R$6
PASSAPORTE: R$12
SHOWS
SEXTA-FEIRA (14/SET) - 19H
Volante Filipéia (PB)
Da Silva e a Usina Dub (PB)
Vamoz! (PE)
The Sinks (RN)
Vinil 69 (BA)
Vitrola (RN)
Scary Monsters (PB)
Retaliação (PB)
Dead Nomads (PB)
SÁBADO (15/SET) - 18H
Ecos Falsos (SP)
The Playboys (PE)
Meiofree (PB)
Encarnado (PB)
Sem Horas (PB)
Matiz (BA)
Fóssil (CE)
Os Reis da Cocada Preta (PB)
Pluma (PB)
Malaquias em Perigo (PB)
OFICINA
14H ÀS 18H
Passando o Som a Limpo
EXPOSIÇÃO DE ARTES
14 E 15 DE SET
MOSTRA AUDIOVISUAL
16H ÀS 18H
FEIRA DE NEGÓCIOS
Selos, produtoras, estúdios, lojas
LOUNGE
Verdeee
Novos&usados
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Estréia tardia de “Primo Basílio” em João Pessoa
O escritor paraibano José Lins do Rego também encontrou suas adaptações cinematográficas. Apesar de nenhuma delas ter conquistado grandes elogios da crítica e do grande público, vale a citação do que foi rodado, como Pureza do português Chianca de Garcia (1940); Menino de Engenho (Walter Lima Jr., 1964); Fogo Morto (Marcos Farias, 1976) e Bella donna (Fábio Barreto, 1998). Este último, livremente baseado em Riacho doce.
Pelo Brasil, escritores da literatura portuguesa também têm aparecido no cinema, como é o caso de Eça de Queiroz. Com praticamente um mês de atraso, estréia hoje, em João Pessoa, em três salas de cinema, a adaptação brasileira de uma de suas obras mais conhecidas: O Primo Basílio, de 1878, com direção de Daniel Filho e elenco recheado de estrelas globais em ação, a exemplo de Fábio Assunção como Basílio, Glória Pires como Juliana e Reynaldo Gianecchini como Jorge. Débora Falabella interpreta a Luíza.
Mas esta não é a primeira vez a que o Brasil assiste na grande tela branca uma obra do escritor português. Em 2003, o cinema mexicano lançou sua versão para o Crime do Padre Amaro, 1875, pelo olhar do diretor Carlos Carrera a partir do roteiro de Vicente Lenero. Nem tão aclamada pela crítica, a produção mexicana despertou interesses tanto pela história de Eça de Queiroz quanto pela presença do astro Gael Garcia Bernal. Em 2005, Portugal também lançou sua versão cinematográfica para a obra lusitana. Realizado por Carlos Coelho da Silva, o filme bateu todos os recordes de bilheteria em Portugal.
De Lisboa para São Paulo
Ambientada na São Paulo de 1960, O Primo Basílio, se passa originalmente em Lisboa do século XIX e já tinha virado minissérie há 19 anos atrás na Rede Globo, também sob a direção de Daniel Filho. A obra conta a história da jovem Luísa, interpretada aqui por Débora Falabella, casada há três anos com o engenheiro Jorge, papel de Reynaldo Gianecchini.
A diferença aqui é que no livro de Eça, Jorge acaba se ausentando por um tempo de casa quando para o interior de Portugal. No caso da adaptação brasileira, Jorge precisa se ausentar por uns tempos para a construção de Brasília. Solitária, Luísa reencontra seu primo Basílio, uma antiga paixão, interpretado por Fábio Assunção e, com ele, começa um caso. O relacionando dos dois primos segue bem até que a empregada Juliana (Glória Pires) descobre cartas de amor trocadas entre os dois, e passa a chantagear Luísa.
Sobre Eça de Queiroz:
A estréia de Eça de Queiroz como escritor foi entre 1866/67, quando passou a publicar narrativas como O Réu Tadeu e Farsas no jornal Distrito de Évora. Daí em diante também passa a publicar poesias. Em 1870, em colaboração com Ramalho Ortigão, publica em folhetins no Diário de Notícias uma imaginária reportagem jornalística, O Mistério da Estrada de Sintra.
Em 1875, Eça publica seu primeiro romance: O Crime do Padre Amaro, que sai em folhetins na Revista Ocidental. Em 1878 é publicado o segundo romance: O Primo Basílio, primeiro grande êxito literário do escritor. Em 1879 escreve O Conde de Abranhos, que só foi publicado postumamente. Daí em diante, não pára. Veja mais:
Para ler Eça de Queiroz:
1880 - O Mandarim; 1883 - Alves & Ca (novela); 1884 - O Mistério da Estrada de Sintra; 1887 - A Relíquia; 1888 - Os Maias - romance que constitui a conseqüência de textos que deixa sem redação definitiva: A Capital e A Tragédia da Rua das Flores; 1900 - Após a morte do escritor, sai a público o primeiro volume de A Ilustre Casa de Ramires;
Outros filmes adaptados da literatura e do teatro:
Lolita ( de Stanley Kubrick, 1962, do romance homônino de Nabokov);
Um lugar ao sol (de George Stevens,1951, de An American tragedy, de Theodor Dreiser);
Razão e Sensibilidade (de Ang Lee, 1995, do livro homônimo de Jane Austen);
Janela Indiscreta (de Alfred Hitchcock, 1954, do conto Rear window, de Cornell Woolrich);
Hamlet ( de Kenneth Branagh, 1996, de Laurence Olivier, 1948, da peça homônina de Willian Shakespeare);
Uma rua chamada pecado (Elia Kazan, 1951, da peça A streetcar named desire, de Tenessee Williams).
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Amor á Flor da Pele
“Amo-te tanto!E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz”
Florbela Espanca. Os Versos que Te Fiz.
A sinopse é bem simples. Dois casais que são vizinhos de apartamento descobrem que seus respectivos parceiros estão tendo um caso. O marido traído é um funcionário público aspirante a escritor. A esposa enganada é uma secretária competente e discreta que compra o mesmo presente para a esposa e para a amante de seu chefe. O marido infiel também compra presentes iguais para a amante e para sua mulher. A diferença é que, nesse caso, as duas são vizinhas de apartamento.
E daí?! E daí que até poderia parecer um clichê, ou algo do tipo “O Quatrilho” (Fábio Barreto, 1994), onde os casais acabam descobrindo as traições e, por vingança ou atração física, acabam trocando definitivamente de parceiros. No caso de Amor à Flor da Pele (2000), o diretor chinês Wong Kar-wai não permite ao espectador essas previsibilidades. Pelo contrário, o drama de um romance – que pelo próprio título do filme - teria tudo para oferecer a quem está assistindo cenas tórridas de amor, não anda nem desanda, apenas insinua e provoca.
Mas isso não torna o sétimo filme desse diretor que foi o primeiro cineasta chinês a ganhar o prêmio de melhor direção em Cannes, uma obra chata. Ao contrário, reafirma como ele sabe fazer cinema muito bem. Kar-wai olha o universo feminino de uma sutileza e sensualidade que às vezes o espectador chega até a questionar se isso era possível na Hong Kong de 1962, período em que é ambientada toda a história.
As seqüências mais casuais do cotidiano das pessoas são carregadas de poesia. Uma poesia erótica que reforça o brilho da elegância em cena da atriz Maggie Cheung. Realmente o amor está à flor da pele. Não nos cônjuges infiéis, mas no “casal” traído, ou seja, a sra Chan e sr Chow Mo-wan (Tony Leung, aliás, estupendo!). Na trama, estes dois traídos acabam desenvolvendo um jogo para descobri o9 que está ausente, para sentir o que sentiu o casal traidor.
Apesar disso o filme não fala de traição, mas sim de uma linda história de amor que não se concretiza. Um amor platônico sem a chatice da previsibilidade. A evolução das personagens durante as mais de duas horas se passa tão naturalmente que você não entende porque o filme tem que acabar, afinal os “traídos” se unem numa cumplicidade que faz a gente esquecer a solidão dos dois no início do filme. . Em dado momento a sra Chan define o destino dos personagens e diz: “Nós não seremos iguais a eles”. Pronto! O que imaginar mais?! Ah, Kar-wai imagina sim, e ao manipular de forma maravilhosa o som e a imagem, o resultado final é esta obra prima.
Delicado, o filme também arrebata o espectador que a todo o momento está esperando pelo menos um beijo entre esses dois cúmplices. E aí uma história que no início é particular, se torna universal, pois o filme tem várias camadas de interpretação que vão além do amor platônico entre duas pessoas. Tem a camada política do regime ditatorial. Tem a Revolução Cultural. Tem o descontrole populacional, que inchava cada vez mais e grave crise econômica do país
Renomado diretor, Kar-wai já lançou a continuação dessa história “mal-resolvida”, que é o filme 2046 – alusão ao número do quarto de hotel que a sra Chan e sr Chow Mo-wan se encontravam para conversar e fugir da solidão de suas vidasNão se pode deixar de reforçar o papel importantíssimo da música neste filme. As músicas se repetem durante o filme, especialmente “Yumeji’s Theme”. Essa combinação e repetição não leva à exaustão, muito pelo contrário,mas antes eleva a sensação de sensualidade das cenas.
Para quem faz Quadrinhos na Paraíba!
A década de 1970, surgia, nos Estados Unidos, o primeiro Vídeo Game do mundo, o Odyssey 100. Na música, o mundo observava a definição do Glam Rock do David Bowie. Os anos 70 também testemunharam o lançamento do The Dark Side Of The Moon, do Pink Floyd e o brilho de celebridades polêmicas como Andy Warhol.
No cinema, o galã era o Marlon Brando de O Último Tango em Paris, do Bernardo Bertolucci. Claro, isso no começo da década. Já na metade destes anos, o filme O Tubarão elevava Steven Spilberg a grande diretor de Hollywood, juntamente com George Lucas, que iniciava sua trilogia de Stars Warts. Em 1979 Marlon Brando estaria de volta como galã de guerra em Apocalypse Now, do Francis Ford Coppola.
Foi também durante a década de 70 que a editora americana Marvel, de Histórias em Quadrinhos, realizou diversas experiências no ramo do entretenimento. A Marvel lançou de tudo nesse período. Heroínas femininas como a Miss Marvel e Mulher-Aranha, heróis negros em títulos próprios como Luke Cage e Pantera Negra e heróis hispânicos como Hector Ayala, o Tigre Branco. A Marvel também experimentou personagens e revistas de terror como os famosos Drácula, Blade e o Motoqueiro Fantasma. Todos estes já adaptados para o cinema.
Então, enquanto tudo isso e muito mais acontecia pelo mundo afora, no Brasil em tempos de Ditatura Militar e das revoltas armadas, as pornochanchandas marcavam o cinema brasileiro da década de 70 - pós-cinema novo. Foi neste período também que Bruno Barreto levou mais de 11 milhões de pessoas aos cinemas nacionais para assistirem “Dona Flor e Seus Dois Maridos”.
Já no que se refere às histórias em quadrinhos no Brasil, o primeiro nome que deve ser citado, independentemente do recorte temporal, é o de Ângelo Agostini. Agostini desenvolvia, ainda no século XIX, sua atividade crítica social através do humor gráfico em jornais como Diabo Coxo e O Cabrião – os trabalhos deste autor são considerados, por estudiosos da área, como as primeiras experiências que contribuíram para a linguagem quadrinhista brasileira.
E é no Brasil que passa a surgir, pioneiramente, na década de 70, o interesse acadêmico pelas Histórias em Quadrinhos. Como prova, basta ler algumas pesquisas, realizadas por Universidades, que se tornaram livros, a exemplo: “Para reler os Quadrinhos Disney”, de Roberto Elísio dos Santos; “Fantasia e Cotidiano nas Histórias em Quadrinhois”, de Nadilson Manoel da Silva; e “Spawn, o Soldado do Inferno: Mito e religiosidade nos quadrinhos”, de Cristina Levine Martins Xavier.
Enquanto isso e paralelamente, em João Pessoa, o jovem Emir Ribeiro publicava, a nível profissional, no JORNAL A UNIÃO de 01 de agosto de 1975, a primeira tira - que seria diária, da personagem Velta. Iniciava ali, profissionalmente, a história das Histórias em Quadrinhos da Paraíba. O autor de Velta explica que a personagem nasceu na verdade em 1973, como contraponto à conjuntura cultural e política brasileira, e aos estereótipos da industria cultural norte-americana.
“Velta surgiu no auge da censura e da ditadura militar, aparecendo como uma personagem rebelde que usava roupas sumárias em afronta ao que era estabelecido na época. Outra contraposição de sua criação foi em relação aos quadrinhos impostos pelo mercado norte-americano, sempre apresentando homens musculosos nos papéis de personagens principais, e sempre relegando a mulher a segundo plano, como apenas coadjuvante. Velta, portanto, surgiu para se contrapor a tudo isso”.
Da criação à publicação, eis um caminho muitas vezes longo e nem sempre positivo a ser trilhado por aqueles que se aventuram nas HQs. Se hoje o grande número de editoras, distribuidoras e sites especializados permitem a seus criadores, criaturas e amantes do gênero, circularem por vários países, na década de 1970, quando surgiu a Velta em João Pessoa a coisa era bem diferente. Para nossa surpresa, quando perguntado sobre este aspecto, Emir Ribeiro afirma que, para quem faz HQs em João Pessoa, esse tempo “antigo” era bem melhor.
“Os anos 70 foram os melhores para os quadrinhos paraibanos, principalmente pelo espaço que era cedido. Os jornais abriam espaço para tiras diárias, e havia também os suplementos-tablóides dominicais, a exemplo de O Pirralho, que era coordenado naquela época, por Wilma Wanda. No JORNAL A UNIÃO havia um grande incentivador, o saudoso Antônio Barreto Neto, que foi quem primeiro me deu a chance de publicar meus quadrinhos. E foi a partir daí que pude criar outros personagens, como o Cacique Tabajara ITABIRA, a ruiva-robô NOVA, e justiceiro Homem de Preto”.
O quadrinhista Emir Ribeiro, que recentemente lançou em João Pessoa a nova aventura da balzaquiana VELTA, no álbum “VELTA – NOVA IDENTIDADE PARAIBANA”, observa que a ausência de espaço para publicações é um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento dos Quadrinhos na Paraíba, principalmente quando se comparado aos espaços disponibilizados na década de 70. Ribeiro reforça que a disponibilidade de volumes estrangeiros sempre esteve às mãos dos paraibanos, que atualmente são vistos apenas como mercado consumidor de HQs e não como mercado de produção.
“Nas bancas havia o de sempre: quadrinhos estrangeiros traduzidos que eram consumidos pela garotada, inclusive eu. Nos jornais havia espaço para a produção local, o que deu margem para surgir toda uma geração de quadrinhistas. Esse pessoal começou a aparecer por intermédio desses incentivos aos artistas da terra. Infelizmente é coisa rara e praticamente inexistente hoje em dia, e por isso não vemos novos valores se aventurando nesse ramo artístico”.
Ao fazer uma retrospectiva dos quadrinhos paraibanos de ontem e de hoje, Ribeiro mais uma vez reforça a necessidade de um espaço ideal de publicação e promoção para as novas gerações. “A vantagem da minha época era que, com os espaços cedidos pelos jornais, desta forma a produção era incentivada e tinha mais facilidade de conseguir patrocínios de órgãos públicos para imprimir edições independentes. Hoje está tudo 100% mais difícil, e nenhum jornal publica material de quadrinhos paraibanos. Portanto a falta de canais de divulgação e produção acaba inibindo a produção local”.
Como criador e consumidor, Ribeiro revela desapontamento com o mercado atual de quadrinhos, e mais especificamente o mercado local. Mercado este que um dia ofereceu condições para emergência de nomes como o de Deodato Borges, Henrique Magalhães, do próprio Emir Ribeiro, e, mais recentemente do artista gráfico Shiko e do coletivo MADE IN PB.
“Hoje o que me interessa em uma HQ é um bom roteiro, construído com inteligência e apresentando novidades, e seus desenhos em estilo clássico e caprichado. Pena que esses itens são raros nas publicações de hoje. Por conta disso, deixei de consumir os quadrinhos que são expostos em bancas. Quando compro alguma coisa é em livraria especializada, e geralmente são publicações de tiragem limitada e a preços meio salgados”.
Apesar de haverem inúmeras editoras e milhares de novos títulos, estilos e públicos, o mercado atual de HQ não desperta interesse nesse criador da década de 1970. “Deixei de consumir quadrinhos pois as bancas apresentam os mesmos e desgastados personagens que víamos na infância e na adolescência. Vejo sempre os mesmos apelos e clichês. Cansei tanto deles que nem consigo mais assistir a suas adaptações cinematográficas. Quando compro alguma coisa, é material nacional e de qualidade. De outra forma prefiro ficar sem ter o que ler e nem assistir. Quanto ao mercado, é certo que está em queda pois não está havendo renovação”.
Essa desilusão com as adaptações cinematográficas têm um olhar bastante peculiar de alguém que ousou, adaptar, meio que solitariamente e praticamente sem recursos. Ribeiro primeiro gravou “O Desconhecido Homem de Preto”, em 1989. Já em 1993, teve “A Volta do Homem de Preto”. As duas produções são de longa-metragem e feitas em vídeo VHS, em João Pessoa, e dirigidas, produzidas e atuadas pelo autor dos quadrinhos.
“Já tenho cópia em DVD de ambos os filmes. Como fui o criador dos quadrinhos, pude adaptar para o vídeo sem interferência externa alguma. Com isso pude obter fidelidade proposta do personagem. Acho que a experiência, como diretor, produtor e ator, foi ótima e deu-me uma visão mais abrangente, que pude levar para os quadrinhos”.
Só isso já é um marco! O Desconhecido Homem de Preto pode até não ser a obra prima do cinema paraibano, até porque neste período nossas produções eram escassas e em curta-metragem, mas é sem dúvida, uma ousadia que merece reconhecimento. E, diga-se de passagem, a produção é muito divertida e nos apresenta a João Pessoa urbana do final da década de 80 em movimento e em ficção! Afinal, é um longa-metragem de ficção – adaptado de uma HQ paraibana, todo feito em João Pessoa.
“É natural que um criador de personagem de quadrinhos queira ver suas produções transportadas para a tela – inclusive seus leitores. Tanto é que numa das enquetes do sítio www.bigorna.net, onde é perguntado qual criação brasileira dos quadrinhos o público mais gostaria de ver no cinema, os resultados apontam uma maioria de 25% dos opinantes assinalando Velta na resposta”.
Imaginem um filme com uma loira paraibana de dois metros de altura e super poderes andando por João Pessoa como detetive particular?! Na verdade, Velta se chama Kátia Maria Farias, que foi uma adolescente rebelde, de relação conflituosa com o pai e que acabou sendo abduzida por um extraterrestre do mal. Ele seqüestra a jovem para realizar experimentos científicos nela. A Kátia acaba se transformando na tal loira imensa, que para ganhar dinheiro com seus novos “dotes”, resolve assumir a identidade de uma detetive particular usando o nome de Velta. Será que veremos ela no cinema paraibano?
“Há uns anos, pensei em fazer um filme com Velta, mas esbarrei na atriz ideal para o papel. Também tive motivos técnicos para não fazer o filme naquele momento, como os efeitos especiais que seriam necessários para os super-poderes de Velta. Então acabei optando por fazer o filme com o Homem de Preto no primeiro vídeo que produzi”, afirma Ribeiro.
Saiba Mais (fonte: Folha On Line)
Como produto industrial, as HQs surgiram em grandes pranchas coloridas nos jornais norte-americanos. Eram as páginas dominicais, pelas quais passaram personagens como "Krazy Kat" e "Little Nemo". A tira diária, com três quadrinhos elaborados de forma a narrar uma ação e deixar um gancho para o dia seguinte, apareceu em 1907, com "Mutt e Jeff". As revistas surgiram na década de 1920, inicialmente como coletâneas de histórias de jornais. Conhecidas como "comic books", tiveram sua popularidade ampliada pelo aparecimento dos super-heróis, como "Super-Homem", "Batman" e "Mulher-Maravilha". Em francês, a disseminação dos quadrinhos se deu pelo álbum, produção luxuosa na qual são publicados personagens como Tintin e Asterix. Os Estados Unidos desenvolveram um produto similar, a "graphic novel", no final da década de 1970.